Para mim nada de requintes, mas apenas os saberes de que a cidade precisa, ensinava Eurípedes. Também não entendo o argumento da agenda no caso dos casamentos gay. Se é de supor que a maioria dos portugueses tenha outras preocupações nesta altura, também é de supor que os portugueses que são homossexuais tenham, também nesta altura, precisamente essa preocupação. Não cabe aos governantes decidir da escala das preocupações, não dispõem desse instrumento onírico. Cabe-lhes legislar sobre o que é bom para a cidade. Sem requintes de hipocrisia.
Permita-me que discorde num ponto: de facto não cabe aos políticos imiscuirem-se na escala das preocupações - "infelizmente" esse fardo cabe-nos a nós. Mas julgo que lhes cabe a eles definir a escala das prioridades e o casamento homoxessual não estará, por certo, nas questões mais prementes que o país precisa de ver resolvidas. Se bem que acho que o problema aqui é o (in)oportunismo do BE, quando levanta esta temática nesta altura do campeonato.Porque acho acho que está nas incumbências de um Governo , mas também da Oposição - determinar prioridades. Na minha perspectiva, é mesmo essencial.
Refiro-me aos post, como é óbvio. O Comentador aa é disléxico: Dia que não lhes compete (aos políticos) para depois defender que lhes compete. E tudo numa frase. Notável!
AA: claro que cabe aos governantes decidirem das prioridades; o que não lhes cabe é interpretar, com base no lançamento de búzios, quais as prioridades que os cidadãos seleccionam. Assumam a escolha, é só isso.
Julgo que não entenderam o que quis dizer, ou melhor, o comentador dinis não percebeu o que eu quis dizer. Aferir preocupações é diferente de definir prioridades. As primeiras somos nós que as temos quando vamos à mercearia e o pão está pela hora da morte, quando a prestação da casa sobe, quando não nos deixam casar com a pessoa de quem gostamos "só" porque é do mm sexo e blá blá blá. Agora ao poder político cabe escalar estas preocupações e, naquele que julgam ser o momento oportuno,sim, acho que lhes cabe fazer escolhas. Segregar. Se o fazem da melhor maneira,essa é outra questão. FNV: Nisso discorso redondamente. Acho que cabe aos políticos "interpretar quais as prioridades que os cidadãos seleccionam". Prefiro um escrutínio social, ainda que dissimulado ("com base no lançamento de búzios"), mas que traga à discussão pública as causas, do que uma escolha despojada de qualquer análise crítica e entregue nas mãos de meia dúzia de tipos que não têm que legitimar as suas "escolhas". Talvez seja mais hipócrita (e isso é mau, muito mau, bem sei), mas é decerto mais equitativo.
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