FACTCHECK:Um artigo da insuspeita Newsweek onde se faz uma verificação da autenticidade dos boatos sobre Sarah Palin. Muitos destes supostos factos têm sido utilizados por comentadores e bloggers da esquerda americana como verdades indisputadas. Como abaixo já referi, este clima de ataque caótico e desproporcionado foi uma das razões que aumentou a atenção e simpatia pela candidata republicana para vice-presidente. E se os democratas e seus apoiantes continuarem neste tom o mais provável é esse apoio consolidar-se ainda mais. Faziam melhor em concentrarem-se nos candidatos a Presidente. Com amigos destes, Obama não precisa de inimigos...
só um comentário. o artigo desmonta alguns boatos sobre Palin, mas está longe de refutar todas as críticas que foram lançadas sobre ela. Mesmo depois do artigo em questão, o que dizer dos seguintes temas:
1)A falta de experiência, mas, sobretudo, o seu aparente desinteresse por questões que ultrapassem a política estadual, nomeadamente questões internacionais
2)a religiosidade literalista, dogmática e acrítica que determina de forma significativa a sua visão de mundo
3)o seu conceito de política contaminado pelo maniqueísmo dogmático da 'guerra cultural', que infelizmente se tornou na narrativa central do GOP e de que ela é um exemplo perfeito
4) as acusações de abuso de poder (a newsweek não fala do trooper gate)
5) O endividamento da cidade onde ela foi mayor e que não corresponde à imagem de fiscal conservative que supostamente a caracteriza.
Para terminar: a conversa entre ela e a bibliotecária aproxima-se do surreal. O que é uma pergunta hipotética sobre a eventual proibição de certos livros? Será apenas a má vontade minha...
6- Ela não quer meter o criacionismo nas aulas (também provavelmente não o poderia fazer); mas é adepta da nova estratégia fundamentalista: "teach the controversy". "explicar" aos alunos que há muita controvérsia a rodear a teoria da evolução e o "intelligent design"...
Caros João e Luís, O meu argumento ao longo desta série de posts é o de que a reacção despropositada de muitos apoiantes de Obama (nos blogues e nos media) contribuiu para que a nomeação de Sarah Palin tivesse um impacto tão positivo. A chave deste argumento para mim está no último parágrafo do artigo do Nick Cohen que citei abaixo e que o ~Luís M. Jorge destacou no sue blogue sobre como os eleitores hoje se tornaram cínicos sobre a paisagem mediática e reagem quando esta fachada se esboroa. Neste caso, criou-se uma onda de simpatia para com Sarah Palin. Uma das acusações a McCain foi que ele não tinha efectuado o "vetting" da senhora. Alguma imprensa e blogues pressurosos de mostrar serviço resolveram fazer esse "vetting" pondo a circular as histórias mais fantasiosas possíveis. O partido democrata colaborou ao divulgar que tinha mandadno 30 advogados e detectives para o Alsaka para investigara senhora (a divulgação disto não foi a coisa mais esperta que campanha de Obama fez). Isso não quer dizer que a senhora não seja criticável e muito. Mas do ponto de vista político e não através de uma torrente de insinuações e inuendos infundados e que apenas ajudam os republicanos a fazerem o papel de vítimas. Rletivamente aos vossos argumentos e respeitando a ordem: 1) O argumento da experiência é perfeitamente legítimo mas tem um "downside": inevitavelmente chama a atenção para o CV de Obama. Para este, qualquer discussão que compare os dois CVs é negativa - não porque ele não tenha provado o seu domínio de muitas matérias de forma clara durante as primárias enquanto ela não. Obama perde pelo simples facto de se ter essa discussão e não pelo seu conteúdo, que tem implícita sempre uma possível equivalência ou equiparação dos CVs - ele é canddiato a Presidente e ela a VP. Há uma grande difereça. O mero facto de se fazer essa comparação (que lhe pode até ser favorável) é para ele desfavorável porque o diminui. Por isso tenho aqui dito que estrategicamente a campanha de Obama tem de deixar de falar de Sarah Palin. Eles são candidatos a cargos diferentes e em níveis diversos. Com o tempo e sreenamente as eventuais limitações que a inexperiência de sarah Palin lhe traz virão à tona (ou não, logo se vê mas não é tão relevante para o resultado final como se pensa). 2) Uma das enormes diferenças entre a Europa e os EUA é o papel de Deus e da religião na sociedade. A posição de Palin é típica das religiões evangélicas. Obama, aliás, comunga de parte dessas convicções - afirmou na igreja de Saddleback que Jesus tinha sido crucuficado para o salvar a ele (especificamente a ele e não ao Homem num sentido masi abstracto). o problema aqui, para mim, não é tantoa interpretação literalista da religião mas até que ponto isso enforma a "policy" e as decisões políticas dos candidatos. No caso de Obama, sabemos que essa diferença e distinção está provada. No caso de Sarah Palin não. Manda aprud~encia que desconfiemos pelo entusiasmo da direita religiosa que a separação entre religião e política não está tão presente no seu caso. Mas, até agora, isso é apenas uma desconfiança. 3) A prática de Sarah Palin no Alaska não permite classificá-la como uma apóstola da guerra cultural. Governou com actso que em muitos casos tiveram o apoio dos democratas e como o artigo prova não tentou impôr uma agenda de direita religoiosa típica (creacionismo nas escolas, proibição total do aborto). Vetou até uma lei que permitia aos casais gays ter direitos iguais aso heterossexuais. écerto que afirmou que o fazia não por convicção pessoal mas porque a lei violava o conceito de igualdade perante a lei expresso na constituição e falou d eum eventual futuro referendo. de resto Obama nesta amtéria é bem mais próximo dela do que Clinton era: é contra o casamento gay querendo limitar a igualdade de direitos a uniões de facto. Claro que em política devemos vir de onde vêem os aplausos - a direita religiosa adora-a mas eu acho que isso decorre mais de uma biografia que vai de encontro à sua (da direita religiosa) mundividência (sobretudo a questão do nascimento do filho deficiente)do que de proclamações ou praticas políticas dela. Esta postura mais aparentemente tolerante de Sarah Palin como governadora pode nem corresponder às suas convicções mas resulta de ela ser governadora d eum estado que é essencialmente libertário. As correnets libertárias têm alguma força no Partido Republicano (isso é outra grande diferença da Europa - os libertários americanos são de direita e não de esquerda poruqe entendem que estes últimos, através das suas boas intençõe sapenas contribuem para um aumento da intromissão da vida do estado nas vida dos cidadãos e para ae xpansão do estado federal à custa dos poderes locais e dos estados). O Partido Republicano do Alaska é mais libertário do que o Partido Republicano à escala nacional - o que até é facil de compreender. o Alaska é a "última fronteira", um estado com espaço imenso, vida natural em que a necessidade d eregulação da vida social +e seguramente atenuada pel factod e haver espaço para toda a gente, terrenop para toda a gente e como petróleo dinheiro para todos os cidadãos. Neste caldo ecológico e de cultura, as ideias libertárias florescem - a desconfiança pelas imposições administrativas, a suspeição sobre os efeitos das boas intenções do governo e dos burocratas. 4) As acusações de abuso de poder estão sob investigação. ahistória poderá eventualmente manchar a reputação ética de Sarah Palin. Mas tem um componente pessoal que pode também despertar simpatia. A verdade é que o ex-cunhado é, segundo todas as informações, um personagem não muito recomendável - vai no 5º casamento e tem histórias de violência dom+éstica inclusivé contra membros da família de Palin. A história é potencialmente embaralçante do ponto de vista ético mas está longe de ser um escandalo de garnde dimensão e tem até um lado humano que pode atenuar o sue impacto. Pode também dar-se o caso de não se apurar nada. 5) O endividamente da cidade revela de facto uma contradição entre as ideias professadas e a prática política. De qualquer forma e a nível estadual o seu curriculo é bem melhor: o aumento dos preços do petróleo e o auemnto de taxas nas petrolíferas que sarah Palin impõs permitiram um desafogamento das contas públicas que lhe permitiram emitir um cheque em 2007 de mais de 1000 dólares para cada cideadão do Alaska que, em muito, explica a sua popularidade. As peculiaridades da economia do Alaska, totalmente depedente da exploração dos seus recursos naturais fazem com que a compração da práticas financeira do Alaska e o resto dos EUA sejam muito dificeis. 6) Quanto ao creacionismo, eu até acho que a peça do factcheck.org facilita um pouco. É óbvio que dizer que se pretende deixar o debate florir sobre esta quesão é já uma cedência e indicia uma simpatia pelo creacionismo. Mas isso é diferente de dizer q a senhora é apóstola ou quis impõr o creacionismo. E para mim o que é importante é perceber até que ponto a senhora se deixa influenciar no exercício dos seus cargos públicos pelas suas convicções religiosas intimas. Não acho que o caso até agora seja cristalino contra ela nesta questão. Veremos como ela responde a esta e outras questões nesta matéira durante a campanha. Para finalizar e quanto à eterna questão de quem melhor representa os valores americanos profundos (o que quer que isso seja) e as questões de elitismo, que tem sido objecto de interessantes e nem sempre coincidentes posts vossos, deixo este artigo do FT que explica o problema dos democratas, que estas duas semanas infernais revelaram, melhor do que eu conseguiria: http://www.ft.com/cms/s/0/f1984d88-7cd5-11dd-8d59-000077b07658.html Abraço Nuno P.S. - Tb estou curioso em conhecer a interpretação psicológica do FNV
P.S. II - Por razões profissionais tenho de trabalhar com representantes da administração americana e já trabalhei com democratas e republicanos. Devo dizer que esta posição me faz ter muito cuidado em não escrever coisas que sejam interpetadas como apoio explício ou implícito a este e aquele. Com estes posts apenas tento explicar o que me parece (visto de washington) que são as tendências, as ideias, debates mais relevantes das eleições americanas e suas eventuais explicações. De há uns meses para cá (escrevi-o abaixo) que me parecia que Obama tinha perdido algum do seu encanto e impacto. E durante esta semana, confesso que me espantou como é que gente atenta e inteligente que eu considero não conseguia ver que o que se estava a assitir era uma mudança tectónica nesta eleição. E que a base de apoio dos democratas com o seu desprezo notório e quase ostentário por Palin e reacção deselegante estava a ajudar objectivamente os republicanos a fazerem o seu trabalho. Acho mesmo que Obama foi o primeiro e dos pouco a percebê-lo.
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