As cidades europeias estão a aproximar-se das actuais cidades africanas. Ainda mantém zonas limpas e ricas como as antigas cidades coloniais, mas já exibem exércitos de desesperados com as suas cloacas impecavelmente porcas. O processo foi muito rápido. Só em 1977 Paris elegeu o seu primeiro presidente da camâra por sufrágio universal, mas já nessa altura se adivinhava a decomposição. A guerra civil não pode fazer outra coisa senão instalar-se. A antiga noção ateniense de espaço e de bem comum sobreviveu à expansão dos francos, porque uma elite ágil e vulturina cuidava das cidades. As muralhas, os fossos e o controlo de entradas eram comuns nas cidades durante todas as idades médias. As cidades eram bastiões. A modernidade foi trazendo lentamente a stasis para dentro de portas. Alguma homogeneidade cultural - por vezes mantida à força de braços - e muita conflitualidade nacionalista garantiram, durante boa parte do último século, períodos de regeneração. As coisas mudaram. Os espaços da cidade já não correspondem a construções comunitárias, a diversidade cultural - tout compris - garantindo uma tensão permanente. Os motins de Los Angeles em 1992 destruiram sobretudo as zonas pobres e remediadas. O cão morde a cauda. Só um cego não vê que os estrangeiros e os diferentes são quem vive pior. As células onde os enfiamos para podermos dormir sossegados só nos garantem pesadelos.
"A guerra civil não pode fazer outra coisa senão instalar-se". Bolas! Vem um tipo de férias descansado e depara logo com o regresso das cassandras?! Será que o tremendismo é uma espécie de malária - ataca em crises espaçadas? :))
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