TRUQUES REPUBLICANOS: Sarah Palin foi uma jogada de mestre. Desorientou os media e os blogues de esquerda que andaram dias sem saber como pegar nesta "história" e na sua narrativa, dando cobertura aos mais delirantes boatos. Um sinal indelével e que nunca engana (uma espécoe de reagente político) de que a sua escolha tinha sido eficaz foi o estalar do verniz politicamente correcto em certos meios da esquerda americana (sobretudo na blogosfera). Valeu tudo: histórias incríveis sobre a incapacidade de uma mãe de 5 filhos ser Vice-Presidente, sobre a maternidade do mais recente filho, sobre as qualificações da governadora do (em território) maior estado dos Estados Unidos, do cinismo de McCain em nomear uma mulher (como é que ele se atreveu?), etc.. Sexismo a la carte e bem servido por quem é especialista no assunto. Para sermos justos, durante uns dias, assistimos ao simétrico das rídiculas acusações de islamismo a Obama. O excelente discurso de ontem deve ter amainado esta histeria político-mediática. Até porque o efeito de um candidato a Vice-Presidente na campanha é marginal e residual. A grande vantagem que a entrada de Sarah Palin pode trazer é entusiasmar as bases republicanas que estavam cépticas sobre McCain. Ao ajudar a que o empenho e intensidade das bases republicanas suba, pondo-os proventura ao nível do que Obama tinha consegudio nos democratas, Sarah Palin prestou um grande serviço a McCain. Porque, com as suas bases comprometidas, McCain pode voltar a ser o independente anti-establishment, o moderado experiente e íntegro que tanta admiração granjeou ao longo do tempo. Mas o exercício republicano é muito difícil. Comparável ao que Sarkozy fez em França - ser agente de mudança apesar de ser do partido do poder. De um poder que deixa a Casa Branca em muito mau estado, a braços com uma crise económica de profundidade e tempo incertos, com duas guerras e a imagem da classe política (Administração e Congresso) pelas ruas da amargura. Bater em Washington é o tema da saison. Um dos objectivos das convenções é marcar a agenda das eleições, definir a discussão política a ter, impôr os temas que um partido pretende que sejam discutidos até Novembro. E nesta Convenção os republicanos estão no meio de uma manobra arriscada mas ousada e potencialmente recompensadora (o discurso de Sarah Palin de ontem foi muito revelador: só teve dois temas - família/biografia e energia/segurança). Os republicanos gostariam de fazer das eleições um concurso de personalidades e de histórias de vida, convencidos que estão de terem vantagem nesse campo. E irão daqui para a frente martelar em dois temas: discurso anti-Washington e contra o despesismo público federal, que por sinal explodiu com a administração Bush e com o congresso republicano (mas a imagem de McCain está muito ligada a este tema pela sua recusa de pedir dinheiro para os projectos públicos do seu Estado - os chamados earmarks) e energia. E é neste último ponto que os democratas têm de ter muito cuidado. Um dos aspectos da actual incerteza económica que mais incomoda as famílias americanas é o preço da gasolina, que lhes entra diretamente no orçamento, dado o predomínio do automóvel neste país. Os republicanos pretendem fazer uma redução do debate da crise económica à questão da energia passando por cima da crise financeira, das hipotecas, da expansão económica pouco igualitária, do aumento do desemprego. Reduzindo a questão económica ao preço do petróleo e pressionando pela opção por explorar mais petróleo, gás natural e fontes de energia alternativa, os republicanos podem (e na minha opinião deverão) ganhar este debate. Até porque o farão ligando-o com a questão da segurança - independência energética significa menos dinheiro enviado para regimes e países não fiáveis. Para os democratas o caminho mais fácil para a Casa Branca reclama um enfoque na questão económica na sua dimensão mais ampla. Uma luta de personalidades é para eles arriscada (a dimensão de bravura e heroísmo da história pessoal de McCain é difícil de bater). Uma pugna sobre segurança e relações internacionais é escolher o campo tradicionalmente favorável aos republicanos. É na economia, na saúde e na educação que os democratas poderão ganhar estas eleições mais facilmente. Mas têm de impedir que os republicanos marquem a agenda e criem na mente do eleitorado a ideia (simplista mas eficaz para os seus propósitos)de crise económica = preço do petróleo. Os democratas não precisam apenas ter em mente que It's the economy, Stupid! Graças aos truques e manobras republicanos, ousados, talvez despudorados, mas brilhantes, os democratas não podem tirar da cabeça que It's the Economy as a whole, stupid!.
A campanha de Obama desde o discurso de Palin recebeu +8 milhoes em doacoes... os republicanos +1 milhao...
Os independentes vao travar a fundo com esta escolha de McCain.
Com Palin segura a base conservadora mas limita a sua accao sobre os swing voters.
Ontem o discurso de McCain nao trouxe nada de novo. Mas ter-se-á que esperar pelas sondagens da próxima semana para ver se esta Convencao foi um sucesso, ou nao, para os Republicanos.
Em termos de audiências televisivas foi um sucesso. Palin foi vista por cerca de 37 milhoes de pessoas - que compara com os 24 milhoes de Biden e 38 milhoes de Obama. Veremos as audiências de McCain...
O que verdadeiramente doentes as e os partisans de gauche, é o facto de Palin ser uma mulher casada, com 5 filhos e ex-miss, e, ainda assim, ter sucesso numa carreira masculina. É que a cartilha jura pelo oposto.
Embora nao contando para nada, já que nao voto - Obama seria na minha opiniao a melhor escolha para Presidente dos EUA.
Dado que nao sou doente por nada, nem ninguém, esses pormenores da vida familiar da senhora nao me interessam para nada - sendo que até sao a coisa + interessante do currículo...
Agora já considero importante o que a senhora pensa sobre determinados assuntos, e o que nao pensa, infelizmente, dado que pode ocupar o 2° posto da maior potência mundial, ou até mesmo ser nomeada Presidente caso aconteca alguma coisa a McCain... god forbids...
Meu caro JMI, Talvez aconteça isso tudo que o meu amigo está a prever. Mas deixe-me fazer uam previsão minha: nos primeiros dias da próxima semana as sondagens vão dar a corrida pelo menos empatada. Se são os independentes ou democratas da Clinton ou marcianos, isos já não sei...
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.