Ao longo dos anos de democracia o PS mudou bastante. A base soarista e o seu marcador directo, o ex-Secretariado, deram origem a uma fase de tendências que culminou com Constâncio a tirar da gaveta o socialismo que Soares lá tinha enfiado e a arrumá-lo definitivamente no cofre. Depois veio a fase social-católica de Guterres, apoiada nas ramificações maçónicas. Com Sócrates, o PS voltou a mudar e adoptou a farda tecno-vanguardista. Uma boa mistura que permitiu arrebanhar o centrão ( com a tecnologia, a determinação e o sentido prático das coisas) e sossegar os provincianos gauche-fracturantes ( que nunca vemos ao lado dos trabalhadores que são despedidos durante as férias, mas que vemos sempre que cheira a costumes & intimidades). Enquanto Cavaco durou, o PS penou mas depois organizou-se. O PSD não o conseguiu fazer. Na primeira oportunidade, Barroso entregou as chaves a Santana Lopes. Regressado à oposição voltou a desaproveitar. Escolheu Marques Mendes, uma relíquia cavaquista de quem Belmiro disse um dia que nem para porteiro da Sonae contrataria, e depois entrou na Corrida Mais Louca do Mundo: um personagem de novela mexicana ( inesquecível o episódio televisivo em que apareceu a chorar acompanhado da família na altura do escândalo das viagens dos deputados) acolitado por uma piolharia de arrivistas, oportunistas e vira-casacas. Dizem-me que tudo isto é por causa das estruturas locais, dos sindicatos de votos, das concelhias, das distritais e do diabo a sete. Pois o remédio é simples: uma parte do PSD sai e reorganiza-se sem esses fiadores da vergonha. Quem sai? Quem diz que as suas ideias e as suas energias estão reféns dos tais fiadores da vergonha que paralisam o partido. A famosa "herança de Sá Carneiro", coisa só aplicável ao PREC e às suas sequelas, não se incomodará nada. A cultura do PSD, reformista e liberal, também não se importará de ser transmitida sem a douta sentença de um qualquer cacique beirão ou da brigada do circuito da carne assada. O óbice? Naturalmente o risco. Em casa nova não há luxos nem mordomias. Pois é.
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