No outro dia, num programa da SIC-N, a jornalista Ana Sá Lopes estava indignadíssima porque a agenda de Manuela Ferreira Leite discutida na TVI com Constança Cunha e Sá não incluiu as autárquicas e a vexato questio de Santana Lopes. ASL não se deixou perturbar quando alguém lhe disse que o tema desses dias era o Orçamento Geral do Estado. Este episódio evoca os equívocos au grand complet: os jornalistas, os políticos e a definição das agendas. No fundo, trata-se de saber quem manda falar e quem diz o quê. Esta marca da presença comunicacional de MFL - falar do que quer e quando quer - implica um duplo risco: é acusada de não falar e/ou de não falar sobre o que interessa. Quem acusa: os jornalistas e os adversários políticos, inclusive os de outros partidos. Julgo ser um risco que vale a pena correr. O mando no falar supõe uma boa ligação às áreas cerebrais responsáveis pelo raciocínio: o que for dito é ouvido e isso é o mais importante. A comunicação para dentro não é tão fácil de trabalhar. Não me refiro a aspectos da mecânica interna do partido ( não tenho conhecimentos para tal), antes à comunicação com potenciais novos militantes e aderentes. A figura do militante está desactualizada. Um cidadão que julgue poder trazer alguma coisa ao partido ficou certamente desmoralizado com as duas últimas "directas". Tem-se a sensação de que é preciso pertencer a um cartel regional ou a um grupo carismático para poder contribuir. Como no PSD não existe o mapa ideológico que existe no PS, o cidadão não se salva. O aderente - um colaborador descomprometido - sofre do mesmo mal com uma agravante: não vislumbra sectores de estudo e de intervenção a que se possa agregar. O entrincheiramento do PSD provocará, se não for alterado, a asfixia inevitável. O ar é escasso.
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