GRANO SALIS: Tenho particpado com a minha quota parte na Obamafest - essa proclamação antecipada da vitória de Obama. Escrevi aqui em ínícios de Setembro e quando as sondages indicavam vantagem para McCain que os democratas teriam de esperar que a economia se tornasse no tema dominante da campanha. A entrada em cena da crise financeira de forma brutal e espalhafatosa transformou a tarefa de McCain numa missão (quase) impossível. No entanto, não quero deixar de considerar a hipótese remota de uma vitória de McCain. Deixo aqui, para aqueles que acompanharão o apuramento das eleições amanhã à noite algumas dicas sobre como perceber se essa surpresa se pode ou não materializar: - às 7.00 EST (meia-noite em Lisboa) fecham as urnas no estado da Virginia. se a eleição for imediatamente atribuída a Obama, as hipótese de McCain ficam reduzidas (se a eleição fôr equilibrada - too close to call - não se poderão tirar grandes conclusões). Outro bom sinal para McCain (mas de hipótese muito remota) seria um surpreendente equilíbrio na eleição no New Hampshire. - às 8 EST (1 da manhã de Lisboa) encerram as urnas na Pensilvania. Se McCain tiver perdido a Virgina tem de ganhar neste estado (perdendo os dois, game over). Se não perder a Virginia ainda mantém uma remota esperança mesmo não ganhando a Pensilvania. - se McCain perder algum destes estados: Florida, Carolina do Norte ou Ohio - estados ganhos por Bush há quatro anos as suas hipóteses são nulas (a não ser que perca o Ohio ou a Carolina do Norte e ganhe a Pensilvania o que é um cenário pouco plausível). Fica o leitor com um guião que lhe permitirá ir deitar-se cedo caso o cenário para McCain seja negativo e as previsões se confirmem. Se McCain tiver resultados positivos ou equilibrados ao ponto de ter de se esperar pelo apuramento final nos cenários que indiquei em cima e que se referem a estados que encerram primeiro, apertem os cintos: teremos de esperar pelos estados decisivos do Central Standard Time (Indiana, Missouri) e do Mountain Standard Time (Colorado, Nevada e New Mexico - aqui McCain até pode perder 2 destes 3 estados se tudo até aqui tiver repetido o resultado republicano de 2004). Recordo que Bush ganhou com 286 delegados o que quer dizer que McCain pode perder apenas 16 delegados - caso vejam que McCain já perdeu relativamente a 2004 mais do que 16 delegados a eleição está perdida e boa noite de sono. Estou convencido que a vitória de Obama é quase certa mas McCain sempre foi combativo e já resusscitou várias vezes politicamente para obter resultados improváveis. Até ao lavar dos cestos é vindima ou como por aqui se diz nada está terminado until the fat lady sings.
P.S. - Reparei agora que as urnas no Indiana fecham mais cedo. Às 6 pm EST (11 da noite em Lisboa). Se Obama ganhar o Indiana de forma clara e esse estado lhe fôr imediatamente atribuído, McCain está em apuros. O Missouri é importante porque ali ganha sempre o candidato que ganha a eleição geral - é um barómetro quase infalível.
Caro NMP, Perante estes sucessivos dias que Obama mantém-se acima dos 50%, só apetece dizer que John McCain, se sente agarrado ao dilema da derrota como consequência natural da figura de Obama. Apetece-me conjecturar que, John McCain perdendo como tudo leva a querer, irá no aconchego da almofada, chegar à simples conclusão que nem mesmo uma vida de heroísmo, fazendo menção onde quer que fosse nomeadamente (“no cativeiro vietnamita é que amei o meu país e darei tudo por ele”) que nesta campanha roçou a quase histeria, chegou para bater Obama. Dando voltas nessa mesma almofada, questionará vezes sem conta, o porquê da derrota! E irá rever todos os passos desde que entrou na corrida. Como a sua nomeação foi um dado adquirido desde muito cedo, dada a pouca oposição dos outros republicanos. Aqui imperou a sua experiência nos longos anos que já leva de senador e o herói como praticamente é visto no seio dos Americanos, abriram-lhe o caminho para se preparar e enfrentar o opositor democrata que por esta altura se perfilava para ser mais uma figura de prestígio vindo de uma família com provas dadas nos destinos dos Estados Unidos. Mas ao fim de uns meses depara que o adversário com quem tem de esgrimir o grande combate rumo ao sonho de uma vida, para surpresa de meio Mundo, é um até então pouco conhecido, homem, que categoricamente venceu a super favorita Clinton, vergando-a à custosa retirada, num ambiente de mostras de tardia rendição. Mas o seu moral estava em alta! Venha quem vier, o velho John cá estará para o vencer, pensou ele parafraseando o velho ditado militar “a velhice é um posto”. Amargurado e já altas horas da noite, sem posição numa cama onde se virou e revirou, vezes sem conta. Chegou à única conclusão que os homens com passado servindo a pátria e dando tudo por ela (mesmo a própria vida), que tudo fez para ser o próximo presidente Americano. Que outro republicano no seu lugar não conseguiria melhor desempenho, porque lutar contra: • Um democrata que sendo comparado e até mesmo um seguidor de ilustres figuras históricas americanas tais como Luter king, John Kennedy. Era um handicap, impossível de ultrapassar. • Um democrata de cor! Onde todos começaram a acreditar que seria o primeiro negro da história a ocupar a Casa Branca. - Meu Deus, barafustou John! Como fui ingénuo pensar que este homem de cor pudesse chegar onde chegou! Eu que sou do tempo em que negro era humano de segunda. • Um democrata que o mundo desde muito cedo apoiou e abertamente rezava para vencer. Até votações simulavam, para mostrar aos republicanos americanos que para eles, Obama era o vencedor natural. -Era lutar contra tudo e contra todos, desabafou John! • Claro que toda a crise em que a América mergulhou e a baixíssima popularidade do compatriota George. Que sempre pensei ser a minha mais-valia e que me levou no último terço da campanha a distanciar-me dele. -Porquê que George ganhou e todos os analistas escrevem que foi um dos piores presidentes americanos e eu não ganho! Desabafou John, uma vez mais! • A nomeação da Sarah Palin! Funcionou nos primeiros dias, trouxe o empurrão que era necessário nesta fase da campanha. Mas cedo se percebeu a sua inexperiência para assumir tamanha responsabilidade. Só trouxe dissabores e a descoberta de conflitos que em nada abonaram para a sua campanha. -Apercebi-me que a minha vice, cedo mostrou que eu não tinha hipóteses, porque no fundo se estava já a preparar num futuro não muito distante, ocupar o meu lugar para lutar em ser a primeira mulher presidente. Não me chegava o primeiro negro, agora vislumbrava a primeira mulher. Mais um lamurio de John! Finalmente o sono chegou com o dia a despontar. John o herói americano, cheio de condecorações por bravura e amor à pátria. Mazelas para toda a vida no corpo e na alma. Perdeu o grande combate que deu tudo de si para o ganhar. Mas bem lá no fundo daquele corpo já um pouco vergado a uma vida nada fácil. Sente que nada podia fazer para vencer o Democrata, que surgiu da penumbra, enviado por uma força divina e passo a passo autentico profeta da boa aventurança, espalhou a mensagem da boa nova, que não é mais do que a promessa da América recuperar a saúde económica para o bem-estar do povo americano e como consequência aguardada como uma salvação, a economia mundial.
Helena, Eu tenho feito poucos posts e todos à pressa. Se não fosse a minha amiga isto ficava cheio de erros e calinadas. Muito obrigado. Não há nada como uma revisora de texto atenta e inteligente. Nuno
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