A ministra da educação foi uma ministra voluntariosa. Caiu porque Sócrates e o seu núcleo duro interpretaram mal os efeitos do processo de avaliação. Caiu porque o PS a deixou cair: alguém ouviu uma voz socialista em favor de Maria de Lurdes Rodrigues?
1) A violência da interpretação.Preencher papelada infindável, ter de fazer exames a alunos que faltaram seis vezes, ser avaliado por colegas novatos ou menos experientes, tudo isto é insuportável para os professores. Eles não precisavam desta motivação para rejeitar o projecto da ministra, mas ela quis dar-lhes um sopro de alma. O incómodo é real, é quotidiano, é uma praga de pulgas. Não se trata da resistência a uma reforma que só vaga e tardiamente se reflecte na vida das pessoas: trata-se da vidinha de todos os dias.
Sócrates, que tem das reformas uma visão salvífica e homogénea, interpretou mal o desconforto. Julgou que o hábito ultrapassaria a resistência. Erro: uma dor de dentes foi má ontem, é má hoje e será má amanhã.
2) O PS.
Exceptuando o inner circle do PM, ninguém no PS deu a cara pela ministra. Ou assobiaram para o lado, ou criticaram ferozmente ( Alegre). Isto deu força aos coordenadores da resistência ( sindicatos, PCP e Bloco) para morderem mais e com mais força. Talvez porque o PS , prático e interesseiro, saiba que o tempo joga a favor dos professores. Paris vale bem uma missa.