De te perder. É um medo geral, embaciado, regular como os ciclos lunares. Assim:
No amor. Os mais novos estão dispensados pois ajustam contas no messenger e por sms. Os mais velhos vão perdendo o medo porque renovam continuamente os alvos da posse.
Na morte. Este medo é um texugo-do-mel. Intratável, omnívoro. É um eco autónomo que só regressa para nos dar más notícias.
De que tudo fique como antes. Afinal não éramos assim tão importantes. É o medo dos guerrilheiros.
"O medo de te perder." O medo de te perder foi o que sempre determinou ter medo de te ter. Se perder o medo de te perder então posso passar a não ter medo de te ter. Se quiseres claro. (estou a falar para todos e para ninguém, não infernizem a vida ao fnv :))
O medo de qualquer perda é sempre omnívoro (angustiante); mais texugo menos texugo. O que tem alguma graça é que muito boa gente se imagina possuidor de algo de que efectivamente não é proprietária. Quanto muito será apenas locatário ou cuidador a prazo.Ou um misto.O "nosso" corpo; o "nosso" parceiro; o "nosso" filho;a "nossa" vida. E de outras "propriedades" nem é bom falar... Este equívoco é interessante.Não se pode ter medo de perder o que não se possui a título definitivo.
Na peça "Calígula" do Camus, diz-se: "o medo, um belo sentimento. Um dos raros que tira do ventre a sua grandeza".
O medo é bonito porque é poderoso. Pode ser deferente, na medida em que nos projecta sobre alguma coisa duvidosa e nos devolve aos nossos limites. Mas é uma energia fantástica, uma boa escola para a vida, que toca o absoluto. É uma impressão re-fundadora. Só quem provou o medo é que pode ser corajoso.
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