Mar Salgado

terça-feira, janeiro 13:

DO MEDO (V):

Tenho medo que ela morra. Ela tem sete meses e sofreu um AVC hemorrágico. A mãe está sentada à minha frente e tem esperança. Já sei que a menina não tem salvação. E dou-lhe ainda mais esperança como quem vende raiva.
Sei o que se vai passar a seguir. Os corredores brancos, as árvores no parque de estacionamento, o corpo a soltar-se aos poucos.
Está frio e escuro o meu gabinete. Não tão escuro nem tão frio como vai ficar o olhar desta mulher. Para sempre.

 

posted by FNV on 1:45 da manhã #

Comments:

Ser médico tem os seus cadilhos e a bagagem do tempo oferece a indiferença necessária para se sobreviver à impotência e dor solidária.

Obrigado pela explicação dos marujos e pela localização de um do botes! :)

Abraço

# posted by  Aprendiz : 1:26 da tarde

 

Não sou médico, sou psicólogo ( e pouco).

# posted by  FNV : 2:42 da tarde

 

Terrível e poderoso post.

# posted by  Unknown : 5:46 da tarde

 

Terrível e poderoso post.
(sim... eu sei que este comentário é igual ao anterior. Mas... que querem, sacrifiquei a originalidade à vontade de dizer exactamente o que queria dizer.)

# posted by  jfarinha : 5:52 da tarde

 

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