Tenho medo de te desiludir. Este é um medo mastigável como aqueles tintos antigos da Granja-Amareleja. Vai dar para duas conversas. Pomos um telhado novo e ele deixa entrar água: regra da desilusão. É divertido ver chegar os especialistas em telhados, em fissuras, em silicones, é entusiasmante assistir às discussões. Sub-telhas, cumeeiras e beirais: por onde começar? Precisamente. Desiludir o outro é um começo. É um bocado como mudar de sexo. Não estava à espera. Deixamos o papá, a mamã, a mulher, o marido , o filho, a filha e o amigo a ver estrelas. Eles são o Menino Jesus que não gostou do presente. Azar.
Esse tinto da Amareleja, da Cooperativa da Granja, foi campeão do mundo, em 1983, na antiga Jugoslávia (havia por lá um concurso de vinhos.... Mas. bem ao nosso jeito, as garrafas com rótulo de 1983 "cresceram, crescera,cresceram...". Eu cheguei a pagar, em Sines, por uma dessas garrafas 7 contos de réis, em 1992! Foi obra. Quanto ao resto, que é TUDO...acho ,que esta série, pela qualidade, de sempre, da sua escrita TEM de dar livro. É obrigatório e está obrigado a fazê-lo...digo eu. Abraço, Zé Albergaria
Tirando os tintos e os telhados, esse é um medo adolescente. Se bem que haja muita gente, que o é toda a vida. O crescimento de alguém mede-se pela sua capacidade de não ter medo de ser ridículo, vulnerável, sem importância. Quem aprende a não estar dependente do efeito que faz nos semelhantes,esquece-se desse medo, que mais não é que o sôfrego garantismo de preservar o adquirido. Nesta vida não os há: os adquiridos.
Hmmm, então não é na adolescência que estamos cheios de medo de não ser suficientemente "bons" para não "desiludir" a fénix que nos apaixona? Já me esquecia que alguns rapazes só pensam no futebol...
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