O QUE AÍ VEM - crise, cidades, droga e Europa (I):
A Europa vai cruzar um período de recessão económica com um estado de adaptação a uma nova realidade toxicofílica. No início deste século, a cocaína e esse grande saco que são as drogas de síntese ( como os media as designam) tinham-se implantado numa parte do continente. Na parte ocidental do continente, já que a as ex-repúblicas soviéticas são toda outra história com as suas rotas da heroína afegã do Pamir. Pertencem, no entanto, a uma Europa que ainda comporta uma zona intermédia - os ex-satélites soviéticos romenos, polacos, búlgaros etc - que ostenta traços específicos; por exemplo, imensos laboratórios para as diversas experiências com base em anfetaminas. O que sabemos do passado é que as variações do clima económico arrastam consequências interessantes para a cultura da droga. Nos EUA, entre 1960 e 1970, o produto nacional bruto duplicou. Muito dinheiro foi injectado na War on Poverty estimulando um mercado paralelo de coisas boas, incluindo droga. As detenções por posse de marijuana passaram de 18,000 em 1965 para 188,000 em 1970 ( Musto, 1999). Carter, mais tarde, descriminalizou a posse de pequenas quantidades e os números baixaram. Também sabemos que períodos economicamente deprimidos implicam reajustes na cultura de droga. Falaremos sobre os efeitos do colapso bolsista de 1929 na International Opium Convention, sobre a Segunda Guerra Mundial, sobre o cracknascido do choque petrolífero de 79/80 e sobre a Rússia pós-soviética. Não se estranhe um possível regresso da heroína, a droga dos pobres: ele só ainda não aconteceu totalmente porque o Afeganistão, apesar de estar a produzir a bom ritmo, sofre custos de transformação da pasta em morfina base que são anormalmente altos. As cidades europeias têm respirado boa parte da sua criminalidade - e da sua pujança - graças ao mercado da cocaína recebida via Atlântico. Estruturas, processos e hábitos estão definidos mas vão ter de mudar. Muitos soldados terão de se reciclar, muitos distribuidores terão de encontrar novas formas de atrair o consumidor. Falaremos um pouco sobre tudo isto ao sabor do vento.
O Buprex já é antigo. Quando trabalhei na área (80-90's) tinha perdido um bocadito a força. Quando se inventar cocaína em comprimidos de fácil assimilação oral é que vai ser o cabo dos trabalhos. O gosto é meu.
O Buprex (r) (BPN 0.4 mg) ainda subsitiu uns bons anos como analgésico. Mas estava a referir-me ao Subutex (r) (BPN 2 e 8 mg), em programas de substituição análogos ao da metadona, que aliás já está a ser substituido pelo subuxone (r). Quanto à cocaina por via oral e comprimidos, 2 problemas: O drástico efeito de 1ª passagem, e a dificuldade física em manipular a substância sob forma de comprimidos. O trend é mucosal.
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