1) Retomando a velha tese de Bourdieu - do campo - , os media, como os políticos, não podem dizer a verdade. A verdade, a fastidiosa e complexa verdade do direito, não vende: não encaixa nas peças de seis linhas dos tablóides nem nas aberturas dos telejornais. É possível que todo o Caso Freeport seja apenas um tour de force mediático-comercial. Convenhamos, os ingredientes estão lá todos: ricos, poderosos, família, políticos, dinheiro. So faltou o sexo.
2) É pateta pensar que as violações do segredo de justiça são ocasionais ou ejaculatórias. Elas fazem parte de um espectáculo, são activos valiosos do negócio. Não dependem de um desejo súbito de dinheiro ou de protagonismo. Elas estão para os media como os patrocinadores estão para os clubes de futebol. São o bacon, o bom e velho bacon dos jornalistas.
3) A pornográfica indiferença do sistema judicial face à violação do segredo de justiça ( um termo puxa o outro) é tão subversiva da democracia como um motim dos neonazis ou dos fascistas da esquerda radical. Essa indiferença é violenta e respira um certo jacobinismo - podemos mudar tudo isto através da acção política. Neste caso, da política da justiça. Pagaremos isto muito caro, mais tarde ou mais cedo.
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