(segunda hipótese de título de post: VOU DIVORCIAR-ME MAL POSSA)
Admitamos então que a lei civil irá um dia permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em (suposto) nome da liberdade, da individualidade, da igualdade e de tudo o mais que se quiser. Tudo bem, excelente. A pergunta é: e quem não quiser casar civilmente é obrigado a isso? Em nome de quê? E para quê?
Um casal que pretenda celebrar o sacramento do matrimónio fica imediatamente obrigado ao casamento civil. Para quê? - não se percebe bem, já que o casamento civil não vale um caracol desde que o partido socialista e os seus acólitos interessadamente esvaziaram os deveres dos cônjuges inerentes ao casamento civil (uma vez que a sua violação é completamente desinteressante para o que quer que seja). Ou seja, o casamento civil não interessa nada e para nada. Não serve, não serve os interesses da família, da sua protecção, da continuidade ou perenidade, da educação dos filhos ou sequer do respeito entre as pessoas: não vale o papel do registo, que pode ser rasgado a qualquer momento e por qualquer motivo.
Perante esta situação, perguntar-se-á então que razão existirá para obrigar aqueles que apenas pretendem obter um sacramento (o do matrimónio), à luz da sua fé e da religião que professam, a ficar inerentemente obrigados a uma lei civil que não lhes interessa, que podem não pretender, e que deixa de ter razão de ser?
À mesma luz das supostas tolerância, liberdade e individualidade (para já não falar da questão fiscal – que, confesso, a mim me importa bastante) inexiste motivo para que aqueles que apenas pretendem contrair um sacramento, à luz da sua fé, sejam obrigados a suportar a lei civil e ficar obrigatoriamente equiparados a outras situações com as quais podem não concordar ou não querer misturar-se.
Bem vistas as coisas, pode um casal livre não pretender que os seus afectos sejam equiparados pela lei civil a um casamento (qualquer que ele seja), a uma união de facto ou a qualquer outra coisa que essa tal de lei civil resolva inventar. Não interessa, a lei civil não tem de se meter nos meus afectos nem na minha fé e religião, ou sequer na minha cama (como invariavelmente tenho ouvido dizer).
Deste modo, não deveria a lei civil interferir no sacramento matrimonial que um casal pretende efectuar à luz da sua fé e religião. De forma que pode perfeitamente ficar o casamento civil para as pessoas do mesmo sexo (ou de sexo diferente, que o pretendam assim registar, pouco me interessa) mas não se deverá impor esse casamento civil àqueles que apenas queiram a bênção de um sacramento.
No exacto dia em que essa liberdade for possível divorciar-me-ei alegremente (se possível perto de uma repartição das finanças, apenas para meter nojo), de comum acordo e de bom grado com (e não "de") a minha cara-metade. E viveremos ambos, juntos, felizes, até ao fim da vida.
VLX, se bem entendo, defende uma revisão da Concordata. Até lá, o Estado está obrigado a equiparar o casamento católico ao civil. Mas já que defende a revisão da concordata, pergunto-lhe se não considera desejável algo um pouco mais arrojado. Por que não revogá-la, pura e simplesmente?
Verificada a hipótese aventada (da possibilidade de casamento civil entre pessoas do mesmo sexo)? É evidente que, nesse caso, neste concreto ponto a Concordata deverá ser imediatamente revista. No mais, ela trata de muita coisa.
A concordata prevê que o casamento católico seja automaticamente reconhecido pelo estado civil. O VLX pretende que a Concordata seja revista neste ponto, certo?
respeito o seu direito em querer casar-se apenas pela Igreja. E, se preciso for, ajudá-lo-ei na luta de alteração da Concordata. Agora, não lhe admito que diga que o casamento civil não vale um caracol. O casamento civil é o único que tenho e o único que me interessa ter. Dizer que ele não garante o respeito pelo conjuge nem a descendência nem a educação dos filhos é apenas - como dizer isto? - parvoíce. O amor e o respeito não precisam do senhor prior. Olhe, para pocriar e educar os filhos, nem sequer é preciso casar. Conheço casais que vivem em união de facto (olhem a heresia!) com filhos bem educados, se calhar mais educados do que aqueles puritanos que vão à missa espiar a vida de cada um. Se acha que o casamento pela igreja é importante, é a sua opção de vida. Agora, não se ache no direito de dizer aos outros como devem viver a sua vida ou que o casamento civil não vale nada se não for preconceituoso. Meta-se na sua vida e deixe os outros viverem a deles. E, já agora, seja feliz.
O novo regime de divórcio permite a dissolução do casamento sem quaisquer consequências para quem não cumprir as responsabilidade que foram assumidas pelos conjuges quando optaram por casar (respeito, assistencia mutua, fidelidade, etc).
Nesse sentido, o casamento civil limita-se a um subterfúgio que permite tornear as limitações das leis sucessórias. Para além disso, é como diz o VLX: não vale um caracol.
O VLX limitou-se a constatar o óbvio: a nova lei do divórcio assume que as pessoas que casaram são estúpidas e que se casaram por engano, pois na verdade apenas pretendiam uma união de facto. E assim, procurou igualar as duas o mais possível.
Revejo-me completamente, embora eu considere que a protecção legal que um casamento civil poderia dar seria de grande valor (se não fosse o estúpido regime de divórcio que o PS inventou).
como se diz em bom português, fique com a sua que eu fico com a minha. Não há nenhuma lei (de divórcio ou casamento) que mude a forma como eu vejo o meu casamento (levo-o muito a sério, não admito a ninguém que o desvalorize). Neste post, fala-se da procriação e sobre esse ponto, gostava de acrescentar algumas coisas. Não são apenas as pessoas que casam pela igreja que se preocupam com a procriação. Eu, sinceramente, estou bastante preocupado, até porque temos uma taxa de natalidade bastante baixa. Conheço casais que querem ter filhos e não têm, sabe porquê? Não é por causa da lei do divórcio, nem porque os homossexuais querem casar. É porque estão desempregadas ou têm salários baixos e empregos sem perspectivas a prazo. Mais um ponto, em relação à Lei do Divórcio. Dizem que, hoje em dia, é mais fácil uma pessoa divorciar-se do que um patrão despedir um funcionário. Por que é que isto não me preocupa? Simples: confio mais na minha mulher do que no meu patrão. Cumprimentos.
"Não há nenhuma lei (de divórcio ou casamento) que mude a forma como eu vejo o meu casamento"
Mas nesse caso está a falar da sua relação específic e não do casamento civil. Não me parece que o VLX tivesse o seu casamento específico em mente quando disse que não vale um caracol...
Já agora, não me preocupa minimamente que o divórcio seja fácil. O que me repugna é que o incumprimento dos deveres assumidos não tenha consequências.
O casamento civil tinha a utilidade de conferir segurança legal aos compromissos assumidos. Para as funções simbólicas e de acordo baseado na confiança existe o religioso (para quem acredita).
Para quem não acredita, o casamento civil (actual) nada acrescenta face a uma união de facto.
diz o povo que "quem não se sente não é filho de boa gente" e tem razão. É claro que o VLX nem sequer me conhece (acho eu)e não queria falar do MEU casamento, mas as generalidades têm o defeito de atingir o particular. Se eu dissesse que o casamento religioso não valia nada, com certeza qualquer pessoa casada pela Igreja teria o direito de se sentir ofendida. Se o casamento civil não interessa ao VLX e não lhe interessa a si, paciência. A mim, não me interessa o casamento religioso e não me ponho a dizer que ele não vale nada. Conheço pessoas que nem são crentes e casam pela Igreja por tradição de família. Quem sou eu para os julgar? De resto, eu sou pela separação entre a Igreja e o Estado. Por isso, acho que faz sentido que o casamento civil e o religioso possam existir separados um do outro. Quem quiser casar das duas maneiras, que case. Quem quiser só uma das maneiras, que case. Quem quiser ficar solteiro, que fique. É a vida.
Fir, Não obstante a maneira como se me dirige e o contraditório já desenvolvido por PSM, respondo-lhe, até para ver se passa a perceber o que eu escrevi e se não me imputa afirmações que não fiz (por exemplo, ao contrário do que afirma, o meu post não fala de procriação). Eu acho naturalíssimo (e não me ofende nada) que um não crente não reconheça valor ao casamento católico. Estranho era que não fosse assim. Por outra via, nada tenho contra o seu casamento, em particular, ou contra o casamento civil, em geral. Acho este último uma belíssima e útil instituição. Mais: também nada tenho contra as uniões de facto. Nem julgo ninguém. Eu limito-me a considerar que cada um deve viver como lhe apetece, e o respeito e o amor não precisam nem do senhor prior nem da senhora da conservatória. E que procrie quem quiser, de pouco me interessa. Espero que, até aqui, agora tenha compreendido.
Segundo ponto: o casamento civil, hoje, não vale um caracol na relação entre os cônjuges. Isto porque a violação, por parte de um, dos deveres conjugais em nada interessa. Se quer particularizar, a sua confiança vale mais do que qualquer registo na conservatória (ou na sacristia, se acaso preferisse). Por isso mantenho: não vale um caracol e ao PS o devemos. Nesse casamento civil pretendem agora alguns incluir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Não tem jeito nenhum porque ele não está pensado para isso nem se justifica que sirva para isso. Não se justifica sequer que, para isso, o Estado tenha de intervir. Mas se intervier e o permitir, não pode o Estado obrigar as pessoas a incluírem-se nesse conjunto: o Estado não tem a ver com a nossa fé nem com os afectos. Desse modo, e em respeito pela total liberdade das pessoas, deverá poder permitir-se que um casal receba o que considera ser o sacramento do matrimónio (aqueles que assim o vêem) sem ficar por isso obrigado (se não quiser) a integrar o conjunto do casamento civil. Simples como isto. Quem quiser casa de uma maneira, quem quiser casa de outra, quem não quiser não casa, é uma questão de liberdade, não estou a denegrir o que quer que seja.
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