Na Ilha da Utopia, More não é de modas: a recidiva em matéria de adultério é punida com pena de morte. Nada de novo nem especialmente utópico: a vontade de organizar todos os aspectos da vida pública acaba sempre no direito de regulamentar todos os aspectos da vida privada. Keats e Shelley usavam láudano regularmente; Byron também, sobretudo para aguentar as críticas a Hours of Idleness. O biógrafo de Bismarck, Charles Low, garante que o chanceler injectava-se sempre antes de discursar no Reichstag. Já Berlioz regressou na velhice ao ópio com que se tentara matar em novo. No fim da vida usou-o para suportar as nevralgias, as gastrites e o medo da morte. Nenhum destes personagens sobreviveria no higiénico século XXI. Por que motivo as drogas - o haxixe, o ópio e a cocaína - se tornaram ilegais? Esta é a pergunta , porque tudo o resto - a discussão sobre o actual estatuto e as eventuais alterações ao mesmo - depende da resposta que conseguirmos elaborar. Em traços gerais podemos dizer duas coisas:
a) Os EUA lideraram o movimento que conduziu à proibição. b) Há uma data específica: Manila, 1908.
As Filipinas foram o laboratório dos control advocates, como se designavam os partidários da alteração do estatuto do ópio. No próximo número veremos por que motivo a coisa começou nessa parte do globo. Mete chineses, sempre os chineses.
(cont.)
Bibliografia: variada, como sempre, mas sobretudo Barbara Hodgson( 2001).
Desde já uma contribuição para as possíveis razões porque as drogas se tornaram ilegais: talvez porque para cada um desses relatos de administração de drogas por parte de pessoas brilhantes (com relação de causa-efeito entre a tomada de drogas e a genialidade?), se poderia enunciar dezenas de milhares de casos de gente anónima (ou nem tanto) a quem as drogas destruiram completamente a vida e a quem a genialidade desses poucos "companheiros" de nada adianta?
Curioso: foi exactamente esse um dos argumentos invocados para o estabelecimento da Lei Seca.Já experimentou beber uma garrafa de Jameson de um só trago? Lá iremos...
em vez de ter ido tão longe buscar Keats, Shelley, Byron, Bismarck e Berlioz, podia ter ficado cá mais por perto e dito qq coisa do tipo "fui ali à esquina informar-me com o arrumador de carros cá do bairro que, com golpes geniais, me consegue sempre sacar 50cents"
mas acredite q tou a gostar de o ler sobre este tema, fico à espera da cont. :)
não nos desiluda, que tamos à espera da cont do artigo. vá até ao fundo (no sentido de longe, bem entendido ;) faça a viagem até macau, via durban, se quiser, mas não se fique por coimbra e amarante :)
acho que foi ao Dr. Júlio ... (aquele das sexualidades, não me recordo agora do apelido) que ouvi dizer numa conferência qq coisa do tipo: não fora a dependência química que cria, qual o fundamento para a sua proibição? não fora isso, porque não um "chuto" ao fds e na 2ªfeira ir trabalhar na boa?
impõe-se esclarecer o seguinte em relação ao meu anterior comentário:
o que ouvi nessa tal conferência do Dr. Júlio Machado Vaz foi proferido em tom coloquial ou especulativo e não como se essa fosse a sua opinião pessoal sobre o assunto (opinião que, aliás, desconheço).
é que ele ligou-me hoje, indignado por ter usado o seu nome. mentira, nem sequer o conheço pessoalmente :)
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