Leitores/bloggers amigos (blogosfericamente falando) fazem duas provocações ( ver número anterior): Mais preservativos significariam mais grávidas? Serei eu, nesta história, o equivalente ao guarda prisional que não quer troca de seringas? São justas provocações, porque eu não tenho feito outra coisa. Vamos por partes. O sexo, o bom sexo, é descontrolo. Seja o romântico de ocasião, ou o higiénico de sábado à noite, é sempre alívio da excitação ( nisto sou freudiano). Quando há controlo, ele só pode vir do medo ou do interdito ( que pode envolver medo ou um imperativo categórico). É chato mas é verdade. Pensar que um meio mecânico resolve o problema é do domínio do xamanismo. Os números da infecção por HIV estão aí para o provar. Vamos às seringas. Um drogado numa cadeia tenderá a utilizar uma seringa esterilizada exactamente porque tem medo de acrescentar à sua longa lista de sarilhos uma preocupação adicional. Pode funcionar. Dir-me-ão que um casal de miúdos também pode beneficiar dessa excelente motivação e usar a camisinha. Erro. O prazer que resulta do alívio da excitação não é a mesma coisa do que a adição aos opiáceos. Salvo na poesia.
Não percebi a do HIV. É claro que nenhum meio mecânico resolve o HIV, se o FNV entender "resolve" por acabar definitivamente com a praga. Mas o problema do crescimento das infecções por HIV não estará mais na falta de meios mecânicos, do que no seu uso? Sinceramente, FNV, eu acho que anda a rodear esta qusstão e ainda não percebi o que pretende dizer. Ninguém afirma que a educação sexual vai acabar com a gravidez adolescente ou com o HIV. Mas não será melhor tê-la do que não a ter? Você é médico, terá concerteza uma posição clara sobre o assunto, não?
Não sou médico, profissionalmente tenho licença de psicologia, mas sim, trabalhei para a Comissão Nacional de Luta Contra a SIDA. Claro que o preservativo ajuda - distribui centenas - , mas está muito longe de ser uma resolução do problema. O algodão não engana e os números também não. Tens, no entanto, razão: a seu tempo irei mais directo ao assunto.
Como não tinha ninguém que fosse directo ao assunto, fartei-me de distribuir preservativos pelos meus três rebentos e acho que valeu a pena. À cena das seringas fui poupada, mas, contra o parecer dos dois psis a quem recorri e do progenitor, também distribuí dinheiro para o haxixe do cadet. E também acho que valeu a pena.
Caro FNV, Tem razão. Lá porque vivemos numa economia "avançada" e não num país da Africa subsahariana, a regra do "ABC" também deveria ser promovida por cá. Afunila-se o planeamento familiar e a prevenção do HIV demasiado no uso de preservativo. A abordagem deveria ser mais abrangente e menos simplista.
Julguei que não seria necessário explicitar que de forma alguma o comparava aos guardas prisionais. Se tal ideia me passasse pela cabeça, não seria leitora assídua do Mar Salgado. O masoquismo tem limites. E já que estou numa de explicitar, aqui vai. O dinheiro para cobrir o haxixe, deveu-se ao pavor de imaginar um miúdo de 15 anos nas mãos de pequenos dealers.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.