Variando um bocadinho. Enquanto nos gabinetes se caminhava para o controlo total ( o Opium Protocol de 1953 já estava à porta), como estávamos de costumes? Haxixe. Deixemos a lenda do parisiense clube de Gautier em paz. Os franceses relacionavam-se com o haxixe através da literatura. Baudelaire, claro, e até Flaubert, que, antes de morrer, em 1880,deixou notas para um romance - La Spirale - que narrava a história de um homem que entra em perdição por causa da canabis. O jogo desenrolou-se, uma vez mais, na América. Até à Grande Depressão, a marijuana tinha vivido em sossego. O Pure Food and Drug Act de 1908 limitou-se a exigir que a presença de canabis fosse bem assinalada no rótulo de qualquer preparação vendida ao público.Nos anos 30 a coisa entornou. Enquanto foram necessários, os imigrantes mexicanos foram bem recebidos nos estados sulistas. Depois, um pouco como nos primeiros tempos da Temperança ( segunda metade do séculoXIX), as questões étnica, religiosa e económica, meteram-se ao barulho. Também apareceram movimentos de moralistas fanáticos. Já não os WASP (do norte), mas os tradicionalistas do Sul: a Allied Patriotic Societies , a American Coalition e a Key Men of America pretendiam manter a "América para os americanos". Os imigrantes mexicanos foram descritos como perigosos viciados em marijuana. Não adiantou muito o contributo de Walter Bromberg, que explicou à American Psychiatric Association que os efeitos da cannabis eram semelhantes aos do álcool. O pretexto - a convulsão social, os estrangeiros, a ordem económica - era claro, o objectivo também: o Marijuana Tax Act, de 1937, estava a caminho.
Bibliografia: Earleywine (2005), Musto (1999), etc.
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