Uma das maiores curiosidades das regras dos condutores dos autocarros é aquela que os autoriza a parar sem sinalização adequada e, mal parados, lhes permite sinalizar imediatamente o reinício da marcha ainda antes de saírem e entrarem os passageiros. E lá ficam, por vezes longos minutos, a ameaçar arrancar, sempre com o pisca da esquerda a piscar, enquanto os passageiros entram e saem com a lentidão de uma adolescente de telemóvel numa passadeira. Outra bem curiosa, que lhes deve ser ensinada em segredo, é a que lhes permite ceder prioridade aos colegas. Para esta é preciso uma técnica especial e muito treino, não se vá dar prioridade a quem não se pretende. Quaisquer dez minutos em qualquer rotunda permitem uma análise perfeita: o autocarro que circula na rotunda abranda (embora com isso possa provocar acidentes atrás de si), cede prioridade ao colega que pretende entrar na mesma mas acelera mal passa o colega, intimidando os que vierem atrás daquele e pretendessem aproveitar-se também da cortesia. Mas não há nada como a regra não escrita que lhes permite atrapalhar o trânsito todo e parar no meio da rua, fora dos locais estabelecidos propositadamente para o efeito, ou a que os deixa escolherem a via normal ou a do bus para circular, em função do trânsito, desrespeitando a sinalização horizontal. São seguramente essas regras que explicam nunca ter visto um condutor de autocarro a ser multado pelos agentes da autoridade.
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