A rábula é velha e relha, o erro também. A atribuição de qualidades que fazemos a alguém - seja a um politico, a um professor, a uma mãe - não muda por artes mágicas. Sócrates não têm nenhuma hipótese de alterar a atribuição de qualidades que o público lhe faz. E nem sei se terá vantagem alguma nisso. A atribuição é uma mistura parecida com o láudano: um bocadinho de juizo racional, uma pitada de primeira impressão, um pó de intuição. Os psicólogos sociais entendem-se com dificuldade acerca da exactidão do conceito , mas utilizam-no frequentemente. A receita inclui ainda um factor essencial: o tempo. É ele que molda a atribuição, é ele que a alimenta e a vai aprimorando. Um exemplo: se vemos uma pessoa reagir sempre da mesma forma na mesma circunstância, isso contribui para a representação que fazemos dela. Uma mudança drástica no comportamento do actor não leva a uma mudança drástica na atribuição que fazemos das sua qualidades. Quando muito, gera desconfiança.
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