O que se tem passado é uma anedota mas revela bem o que é este governo socialista. Há dois dias, o PM afirmou que não tinha conhecimento da intenção da PT de adquirir 30% Média Capital, quando isso já era público (parece que o negócio estava quase concluído, só não estava assinado: pergunto-me quando é que eles iriam fazer a surpresa ao Primeiro-Ministro, talvez pelo aniversário...).
É pouco provável que desta vez o PM estivesse a falar verdade mas se ele prefere deixar que as pessoas pensem que ele é posto à margem deste tipo de operações, tanto pior para ele. Silva Pereira veio a terreiro defender o amigo. Outro que não se importa de passar por boneco no meio desta operação. O novo porta-voz do PS apresentou-se também a balbuciar atrapalhadamente que o Governo não se mete nos negócios privados. José Sócrates achou por bem dizer o mesmo, o Estado não se mete nos negócios privados.
Entretanto, o presidente da CE da PT que quer controlar a TVI vai à RTP dizer que qualquer sugestão de instrumentalização da PT é um insulto e que a decisão de aquisição da Média Capital é uma decisão estratégica. O diário do governo tenta acalmar os ânimos anunciando na primeira página que o negócio é só para depois das legislativas.
Esta manhã, José Sócrates mandou Mário Lino dizer à PT que não compra coisa nenhuma ("e na volta que traz cigarros!..."). Parece que o motivo fundamental para se ir contra a decisão estratégica da PT se prende com as críticas que o próprio Sócrates tem feito à TVI. Os accionistas da PT mandam coroas de flores a José Sócrates (na funerária do fim da rua já não há nenhuma). Um departamento inteiro da PT tenta redigir a negação da instrumentalização como insulto, no verdadeiro sentido da palavra. O porta-voz do PS ensaia as palavras explicativas do facto do Estado se meter nos negócios privados apenas porque o Sr. José Sócrates critica uma cadeia de televisão privada. Pelo sim, pelo não, Silva Pereira é promovido a sempre-em-pé. O outro ministro foi almoçar primeiro e na volta esqueceu-se dos cigarros.
Pelo meio chovem arguidos no Freeport e dá-se de caras com uma outra fundação avara que guarda milhões para derreter mais tarde. Só não me ocorre o nome daquele ministro já não sei de que pasta cujo pedido de demissão um dia irritou tanto Jorge Sampaio. Mas amanhã será outro dia.
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