Fugia eu apressadamente do trânsito lisboeta, rumo ao sossego do Porto, esperando chegar a tempo de um geladíssimo Bombay tónico, bem carregadinho de limão, com um nadinha de pôr-do-sol alaranjado ao fundo.
Na rádio ouvia, como há muito não acontecia, um discurso digno do nome e da Assembleia da República. Contudo interrompido, para dar voz ao ministro da propaganda, a debitar umas desculpas quaisquer naquele tom que adquiriram nas últimas eleições. Mudo da TSF para a Antena 1. O mesmo propaganda a papaguear. Seca. Só uns minutos depois regressaram ao discurso em directo. Percebi mais tarde que tratavam da infantilidade do Ministro da Economia (entretanto demitido por Sócrates que, segundo o próprio, no debate da Nação teve muito tempo para pensar sobre o assunto).
O país inteiro, com os jornalistas à cabeça, só pensa, fala e trata da macacada do ex-ministro, de resto desinteressante, e esquece-se de um excelente discurso de Paulo Rangel, daqueles que a Assembleia não ouve todos os dias. A inversão das prioridades dos políticos e da comunicação social nunca deixará de me espantar.
Por sorte, Bombay e pôr-do-sol estavam magníficos, o que salvou o dia.
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