Segundo o Público de hoje (estou com dificuldades no link), Sócrates pretende chegar a vias de facto com Cavaco por causa da união da mesma. O assunto é quase caricato e não mereceria comentário. Só me refiro a ele porque revela o atraso que vai naquelas cabecinhas da esquerda. Na verdade, e bem vistas as coisas, a defesa intransigente de Sócrates da equiparação da união de facto ao casamento é que é, em si mesma, uma visão retrógrada da esquerda relativamente ao assunto. Que a esquerda defendesse a equiparação da união de facto ao casamento era coisa que se compreendia quando, por qualquer motivo (não concessão do divórcio por parte do outro cônjuge, não aceitação social da união de facto, etc., etc.), as pessoas estavam obrigadas a limitar-se, sem o pretender, a uma vivência conjugal de facto, à dita união de facto, sem se poderem casar. Mas isso hoje não acontece. Socialmente ninguém se interessa se este ou aquele par se encontra casado ou se simplesmente vive junto. Por seu turno, em Portugal, o divórcio tornou-se a coisa mais fácil de obter no mundo, é praticamente um direito potestativo de um dos cônjuges poder repudiar o outro enquanto o diabo esfrega um olho. Por isso, inexistem entraves a um segundo, ou terceiro ou quarto casamento. Se assim é, se as pessoas não se casam e simplesmente decidem viver juntas em união de facto sem se casarem, são livres de o fazer e não se descortina motivo para se pretender equiparar a situação ao casamento ou intrometer-se o Estado na liberdade das pessoas. Se as pessoas, em liberdade, não se querem casar, não existe fundamento para o Estado vir estragar essa liberdade e equiparar a relação ao casamento. Se as pessoas, em liberdade, se querem casar, então casem-se.
Vir Sócrates encher a boca nos discursos com todo este disparate sobre a união de facto é que não tem sentido algum nos dias que correm, é uma visão retrógrada da realidade.
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