O Max foi viver com o João. Adoptaram uma criança, o Martim, com um ano de idade. Passado um par de anos, o Max conheceu o Tiago e deixou o João. Divorciaram-se e escolheram a guarda conjunta do pequeno Martim. Entretanto o João arranjou a sua vida e casou-se com o Pierre. Hoje em dia, o pequeno Martim divide o seu tempo entre a casa do Max e do Tiago e a do João e do Pierre. Tem quatro pais ( dois adoptivos e dois padrastos) e nenhuma mãe. Esta situação é , para alguns, sinónimo de "progresso civilizacional".
O seu argumento assenta numa falácia: a de que a possibilidade de adopção de crianças por casais homossexuais vai diminuir as hipóteses de as crianças serem adoptadas por casais heterossexuais.
A questão é outra: a abertura à adopção por homossexuais concorre é com a fatalidade de muitas crianças ficarem institucionalizadas e não apenas sem mãe, não apenas sem pai, mas sem uma vida em família.
Não conheço a forma como decorre um processo de adopção, mas suponho que não seja através de "concurso" em que entre vários candidatos a pais pretendentes, ao mesmo tempo, a uma mesma criança, ganham os que apresentarem mais méritos.
É assim? Há uma "bolsa de crianças" e uma correspondente bolsa de pais atléticos?
Se assim for, eu, homossexual, não duvido: é preferível que fiquem com os casais hetero, porque só um fanático pode contestar o que se ganha nessa diversidade, e sem medo da palavra, nessa naturalidade afectiva. E sim, aceito sem um piscar de olhos a subalternidade. Como atribuo a mesma (ou maior) subalternidade à adopção por pessoas sozinhas, muitas delas idosas e sem expectativa de relação, o que a lei já permite e não provoca escândalo.
Adoptar uma criança não é um direito e lutar por ele nesses termos é ridículo. Mas ter uma relação e lutar por que ela seja reconhecida como boa o suficiente para poder acolher uma criança não me parece, de todo, absurdo.
Progresso civilizacional é a possibilidade de encarar uma relação homossexual desta forma: como algo que não mata, corrompe ou destrói o crescimento de uma criança. É reconhecer que há um património afectivo nestas relações que também é um património social.
Pensa que giro se fosse seculo passado e o nome do pequeno Martim fosse Hans.... provavelmente teria aprendido a andar de cavalo desde a terna idade de 3 anos rs*
"progresso civilizacional" e' um conceito trick mas se se 'estes alguns' que vc menciona entendem por progresso civilizacional o facto de que hoje em dia (independente de gender) os casais usam menos as criancas como desculpa para continuarem em relacoes falidas...well, entao ate se pode pensar em progresso sim senhor, e assim o 'pequeno' Martim crescera rodeado por pessoas que nao dizem 'Nao" ao amor, a paixao, (coloque o rotulo que quiser),e logo oferecerao a possibilidade a este menino de viver em um meio muito mais saudavel, equilibrado, verdadeiro e ...PMDD free zone! Que inveja do pequeno Martim :)) have nice weekend Filipe!
Mas que sortudo é esse Martim! Foi, muito provavelmente, "resgatado" de uma família heterossexual disfuncional ou de uma relação (novamente heterossexual) fortuita e, em vez de ser uma criança indesejada, maltratada (física ou psicologicamente), com todos os vícios que se ganham numa instituição, é uma criança FELIZ! Quem trabalhou com crianças institucionalizadas ( e sentiu o que estava a fazer!) só pode "dar graças" a quem dê amor, carinho e um "sentir-se desejado" a estas crianças...sejam de que sexo forem...porque o amor não tem (ou não devia ter!)género. Laura
Vi há pouco um comentário na jugular sobre o caso do Martim. A minha dúvida é se o Martim, vendo lá por casa a mulher da limpeza com uma camisola com um daqueles decotes que dá para ver os seios pujantes,não pensará que ós seios são uns testículos inflamados e fora do sítio.
Micha, Se bem entendi,uma criança que assista ao desmoronar de várias relações amorosas da mãe, e que conheça diversos padrastos, será uma criança a invejar. É uma perspectiva interssante. Bom fds para ti, tb.
Camila, 6 anos, vive no orfanato. Chegaram Tomás e Maria, recém casados, para uma visita. Com este casal engraço logo. E eles engraçaram com a pequena. Após várias visitas à sobejamente abastada casa do Tomás e da Maria, o casal optou pela adopção da Camila. Aos 9 anos foi então com os novos pais viver para a sua nova casa. O suporte económico familiar é o Tomás. Tá fora muitas horas por dia, muitos dias chega tão tarde que a Camila nem o vê. A relação mais forte é agora com a Maria. A Maria rapidamente começa a receber o António, vizinho da frente, amigo do Tomás e que vem muits vezes a casa do casal, mais do que o costume e com novos contornos. Enquanto Tomás passa cada vez mais as noites fora, António passa cada vez mais as noites em casa do Tomás, da Maria e da Camila. Os pequenos almoços começam a ser divididos entre Maria, António e Camila. E ao chegar da escola Camila começa a conhecer João, o jardineiro. Tomás passa muitos fins de semana fora "em trabalho" e leva por vezes a Camila consigo. Camila tem já 11 anos e gosta muito de se maquilhar com as "colegas" do Pai, na casa de campo onde "todos" passam os fins de semana. O Pai ora dorme com a Raquel, ora dorme com a Sofia, ora dorme com a Joana. Camila não encontra senão exemplos de promiscuidade!
Agora digam-me lá... acham que isto é o quê? Ficção?
O Max foi viver com a Joana. Adoptaram uma criança, o Martim, com um ano de idade. Passado um par de anos, o Max conheceu o Tiago e deixou a Jona. Divorciaram-se e escolheram a guarda conjunta do pequeno Martim. Entretanto a Joana arranjou a sua vida e casou-se com o Pierre. Passados dois anos, a Joana morre de overdose e Pierre mantem a relação que tinha construido com Martim Hoje em dia, o pequeno Martim divide o seu tempo entre a casa do Max e do Tiago e a do Pierre. Tem três pais ( um adoptivo e dois padrastos) e nenhuma mãe. Esta situação é , para o FNV muito melhor do que outras...afinal são só 3 pais.
não percebo o incómodo do autor do post. como bem sabemos as relações (conjugais ou não) heterossexuais são predominantemente disfuncionais (aliás, o número de Joanas e Joões hetero que morrem de overdose é cada vez maior)
É por tudo isto que é preciso pensar muito e sempre e em primeiro lugar no problema do Martim. E o problema do Martim, que é grave e necessita de protecção atenta a sua tenra idade, não deve servir para resolver problemas dos homossexuais. Ademais, não há falta de casais heterossexuais para adoptarem crianças necessitadas. Sejas bem regressado, Filipe.
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