Há coisa de meio ano, uma família cigana foi instalada no no bairro onde vive um amigo meu. É das melhores zonas da cidade ( embora ele habite um modesto apartamento) e depreendi que essa família foi morar para o pé do meu amigo ao abrigo do programa municipal que o meu primo Jorge Gouveia Monteiro ( vereador da CDU) montou. Esse programa, que tenho acompanhado, assenta em bases muito boas. Os ciganos vão sendo progressivamente habituados a viver em apartamentos e são alojados um pouco por toda a cidade, evitando a guetização. Os preconceitos funcionam sempre. A primeira vez que o meu amigo deu conta da novidade foi quando ia a pé para casa ao princípio da tarde. A certa altura, viu uma criança, de 4 ou 5 anos, a tentar enfiar, muito esforçadamente, um enorme saco de lixo no contentor ( que é alto). Parou e ajudou-a. Seria impossível uma criança do bairro tentar desempenhar uma tal tarefa: nessa idade, e a essa hora, ou estão na escola, ou em casa ao cuidado de empregadas treinadas. O tempo passou e o meu amigo apercebeu-se de outro aspecto do programa. Pouco tempo depois de estarem instalados, os seus vizinhos ciganos desenvolveram uma escala. À semana vão pedir para a porta de um supermercado da baixa ( a mãe e a filha mais velha, que devia estar na escola), ao fim de semana pedem num super-mercado da nossa zona ( juntamente com outras crianças e adolescentes que pressupôs serem primos). Claro que o facto de terem sido alojados numa óptima zona da cidade não lhes retira o direito - ou a necessidade - de pedir. É uma actividade inofensiva. Já uma pessoa fica a pensar no que isso representa quando vizinhos bem vestidos, de aspecto saudável e com carros normais estacionados à porta, se cruzam connosco ao Domingo e nos pedem esmola. A situação tem um lado subversivo e divertido que nos agrada, mas também indica que nem tudo estará a correr bem no programa municipal.
Continuando no lado subversivo e divertido da coisa, diria que o resultado do programa espelha a circunstância do seu autor: co-habitação sem assimilação
Depois de 20 dias abençoados lá pelas neblinas da Albion, cá estamos.Acho que deve estar tudo igual.Nem quero muito saber.Um abraço,caro FNV.
Oh, I have slipped the surly bonds of Earth and danced the skies on laughter-silvered wings; Sunward I've climbed and joined the tumbling mirth of sun-split clouds - and done a hundred things you have not dreamed of - wheeled and soared and swung. High in the sunlit silence;hovering there, I've chased the shouting wind along,and flung my eager craft through footless halls of air.
Up,up the long,delirious burning blue I've topped the the wind swept heights with easy grace,where never lark,or even eagle ever flew - and, while with silent lifting mind I've trod the high untrespassed sanctity of space, put out my hand and touched the face of God.
John Gillespie Magee, RCAF, morto em acção em 1941 aos 19 anos...
Faz-me lembrar os bons velhos tempos do OTL (Ocupação de Tempos Livres), da Câmara de Cascais em que, com 16 anos, fui pago uns trocos para andar pelo "parque habitacional" da Câmara, a inquirir os inquilinos do mesmo. Foi uma "actividade profissional" que me abriu bastante os olhos, especialmente tendo em conta a idade que tinha. E lembro-me porque, entrando pelas casas dos inquilinos ciganos adentro, fui verificando coisas que muito me chocaram, em termos dos valores civilizacionais que até então me tinham sido incutidos: a banheira cheia de terra, a servir de campo de cultura para couves galegas, a fogueira na sala, por cima de tijolos a enegrecer o estuque das paredes e tecto, os Mercedes à porta e a sala de jantar cheia de lixo, convenientemente e embalado em sacos pretos..
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.