A relativização das coisas que o ser humano por vezes assume é de meter nojo.
Um fulano de trinta e tal anos isola uma rapariguinha de 13, fascina-a, encharca-a de bebida e de drogas, acabando por violá-la. Admite o crime, é dado como culpado e condenado no Tribunal dos seus. Foge à pena que merece e vive sossegado e divertido anos à toa no estrangeiro. A Justiça finalmente apanha-o pelo crime hediondo. Mas vêm para o meio da rua os amiguinhos e artistas exigir a libertação imediata do bandido. Organizações de festivais declaram-se estupefactas, associações de realizadores criticam a prisão, diversa comunicação social insurge-se, o ministro francês da cultura considera "abominável" a prisão do violador, ficando seguramente sem qualificativos para o acto da violação da menor, "chocante", aponta também surpreendentemente a directora-geral da UNESCO, diplomatas escrevem cartas a pedir a libertação do facínora, organizam-se petições, espertalhões já vendem t-shirts e ninguém tem vergonha na cara.
Eu gostava de saber como seria se a menina de 13 anos fosse filha desta gente toda. E gostava de saber como seria se o fulano não fosse um realizador conhecido. Realizador conhecido ou não, perante o crime praticado, o que este homem merece é ir apodrecer os seus ossinhos na mais sórdida e fétida penitenciária norte-americana, de preferência na mesma cela do seu Djalmão.
prezado vasco, concordo com quase tudo o que diz. oponho, no entanto, que só a justiça, a justiça sem mais, nos pode salvar da barbárie. sudações. josé serra
VLX, os amigos e admiradores do Polanki defedem-no, porque são seus amigos e admiradores. Se não fossem amigos e admiradores, não o defendiam. E se fossem pais da rapariga, defendiam-no ainda menos. É assim que é. Que seria de nós se não fosse o relativismo que condena? Nestas coisas, somos todos relativistas. Aliás, os tribunais, por exemplo, promovem o relativismo: numa bancada os defensores do anjo, no outro, os acusadores do crápula. Fazer aqui apelo aos instintos paternais, não tem lá grande utilidade, acho eu. Eu, por exemplo, se calhar, metia-o numa cela com o Djalmão, ainda que ele só se tivesse limitado a pagar uma bebida a uma filha minha com 13 anos. E então?...
Um metia-o na cela com o Djalmão, outro matava-o logo… hhmmm… se fosse vossa filha não falavam assim, seus, seus, relativistas. Eu atirava-o para dentro de um poço fundo, tapado, almofadado, sem comida nem bebida, com uma aparelhagem de som a debitar música techno no volume máximo. Ganhei eu.
Caramelo, não sei se atentou bem no que escreveu ("se fossem pais da rapariga defendiam-no ainda menos"?!?) - isso é relativizar também os termos e as palavras...
O que eu vejo é que os amigos e admiradores de Polanski defendem a pedofilia para os seus amigos e pessoas que admiram. Para essas, a pedofilia não é crime nem merece sanção. Há muita gente assim e provavelmente não precisamos de ir muito longe para encontrar exemplos. Eu acho que um pedófilo assumido, confessado, condenado e fugitivo à justiça, mesmo que muito admirado e tendo muitos amigos, deve ir parar à prisão.
“Caramelo, não sei se atentou bem no que escreveu ("se fossem pais da rapariga defendiam-no ainda menos"?!?) - isso é relativizar também os termos e as palavras...”
Ó caneco, VLX, que faz aqui a relativização? Era só uma figura de estilo, significa precisamente que o não defendiam mesmo nada, nadinha, zero, -20, -30000…
“Eu acho que um pedófilo assumido, confessado, condenado e fugitivo à justiça, mesmo que muito admirado e tendo muitos amigos, deve ir parar à prisão.”
É como digo: eu, se calhar, até acho mais do que isso. Não se pode aqui fugir ao relativismo. Que seja a justiça a decidir, então, por causa das coisas. Eu, que nem sou amigo, dem pai da rapariga, não me choca nada que ele venha a ser absolvido, ou que saia com uma multa e/ou indemnização, tendo em conta o tempo entretanto decorrido, por exemplo. Mas não me parece que os tais amigos do Polanski defendam a “pedofilia” por parte de quem for, VLX, desculpe lá. Acho isso que diz absurdo. Eles não defendem a pedofilia, defendem uma pessoa acusada de pedofilia, o que é bem diferente, não? Uma coisa semelhante passou-se aqui há uns tempos quando o Cohn Bendit confessou qualquer coisa sobre ter acariciado crianças quando era novo, qualquer coisa assim, sendo de imediato acusado de pedofilia. Já agora, pode alguém dar-me a definição correcta, científica, de “pedófilo” ou “pedofilia”? FNV, anyone?
Uma precisão, Caramelo: ele já confessou o crime, foi condenado pelo mesmo, e fugiu. Ele é um condenado fugitivo. Ele não virá a ser absolvido, ele já foi condenado. E não me parece que seja tão inocente quanto o Richard Kimble.
Eu queria ver se fosse o Berlusconi de mão dada com uma inocente de 37 aninhos, o que não berrariam estes artistas e realizadores, com o Michael Moore à frente, de megafone na mão.
até há uns países bárbaros, com leis esquisitas, que evitam estes problemas (prender um tipo 30 e tal anos depois do crime) através de um instituto facinoroso que dá pelo nome de prescrição das penas. nesses lugares ainda semi-silvícolas, tem-se o abjecto entendimento que não faz sentido aplicar ou executar uma pena quando já passou um longo período de tempo sobre os factos ou sobre o julgamento. felizmente, os países mais modernaços e iluminados já superaram essa fase.
Percebi que ele era um condenado em fuga, Pedro. Os sistemas, modernaços ou não, deixam alguma vez de perseguir aqueles condenados que fogem das prisões? A partir de determinada altura os fugitivos podem circular livremente? - Não sabia. Mas tu saberás mais disto do que eu.
Que chatice, não consigo encontrar a notícia mas quase jurava que, há poucos meses, neste país modernaço do sócrates e iluminado por ilustres juristas, foi detido um condenado em fuga que passou 16 anos numa gruta minhota, com um rádio de pilhas. Não me recordo o que ele fez mas quase que também jurava não ter violado uma menina de 13 anos nem vivido alegremente em Paris.
Foi sim senhor. Viveu numa gruta minhota. O crime foi homicídio simples ( uma discussão com uma vizinha, uma pazada nela , a mulher cai e bate com a cabeça e morre). Fiquei na dúvida, depois de ler o PC, se Portugal é semi-silvícola ou modernaço.
é bem possível. as penas por crime de homicídio (acho que era o caso) costumam ser superiores a dez anos e, por isso, só prescrevem ao fim de vinte anos.
Desculpa la meninos...mas Vasco, quem e' este tal Sr.Djalmao? Va la traca o perfil do cara...Senti uma certa simpatia generalizada por aqui pelo tal senhor que parece ter carta branca e aplausos para fazer o que lhe apetecer com o Polanski. Intrigante!
Micha, minha querida: tu conheces-me, ao meu pudor e timidez! Se te relatasse, mesmo que por escrito, toda a malvadez do seu Djalmão, coraria sempre qual lampião envergonhado quando te encontrasse. O seu Djalmão é muito mau e o personagem principal da historieta só espera ardentemente que ele tenha boa memória. Bjnho grande e saudades, vasco
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