Não acredito em sondagens porque elas já demonstraram cabalmente quase nunca acertarem nos resultados.
Mas não acredito também porque me custa muito a crer que os portugueses dêem o seu apoio a personalidade com percurso pessoal e profissional tão trapalhão, onde a cada passo nos deparamos com bizarrias e originalidades mal explicadas, incongruentes, que não se passam com mais ninguém. Porque não acredito que os portugueses sustentem quem anda a prometer o que já prometeu e não cumpriu, quem invariavelmente se desculpa dos seus erros e omissões com a actuação dos anteriores governos, daqui até Salazar, quando o que está em causa é avaliar o seu governo.
Eu não acredito que os portugueses amparem quem lhes rapou as pensões, lhes aumentou os impostos, quem gasta e pretende gastar à larga o dinheiro dos contribuintes e o que o país não tem, quem fecha os serviços, promove o despovoamento do interior, encerra unidades de saúde e acaba com as maternidades, apresentando como único feito o aumento dos partos em ambulâncias na berma das estradas, a permissão do aborto a pedido e pago pelo contribuinte, e a instauração do direito ao repúdio do cônjuge.
Não acredito que os portugueses ofereçam o voto a quem perseguiu os professores, os magistrados, os médicos, enfermeiros, farmacêuticos, agricultores, polícias, militares, funcionários públicos em geral, empresários independentes, jornalistas independentes, jornais e televisões de que não gostava.
Não acredito que os portugueses se deixem levar pela política espectáculo da oferta nunca muito bem explicada (nem a sua suspensão) de computadores carregados de erros, pelos floreados discursos na inauguração de empresas carregadas de benefícios estatais que se perdem em insolvências rápidas ou pela colocação de primeiras pedras que apodrecem à espera das segundas.
Não acredito que os portugueses protejam quem tanto desprotegeu a economia, o emprego, os serviços, a agricultura e deixa o país de rastos e carregado de dívidas que promete aumentar, bem como os impostos.
Não acredito ainda que os portugueses perdoem quem foi tão arrogante, autoritário, ríspido e desagradável até levar a paulada das Europeias nem que acreditem na súbita e aparente mudança de personalidade do lobo tornado cordeiro.
Eu não acredito que os portugueses aplaudam semelhante personagem. E não acredito em sondagens, apenas nas eleições de domingo.
A questão é que já ninguém acredita neste rol de patranhas que aqui enumera. E esse é o problema. Sem estas aldrabices o que fica para contestar Sócrates ? O que é que ele tem de errado ? Certamente muita coisa, mas a oposição deixou de ir por essa via. Preferiu o caminho mais fácil de o associar a suspeitas, insinuações, meias verdades, acreditando que bastaria lançar uma nuvem de suspeita sobre o seu carácter para o poder lhes cair no colo. Sem terem que se esforçar por apresentar ideias ou políticas mobilizadoras. Quer-me parecer (se acreditarmso nas sondagens) que o tiro lhes saiu pela culatra.
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