Numa Monarquia, se pensarmos por exemplo em Espanha ou no Reino Unido, não passa pela cabeça de ninguém que por amuos um qualquer ministro de Zapatero responda ao Rei Juan Carlos, ou que Gordon Brown chegue atrasado a uma audiência com a Rainha Isabel.
Não percebo que numa República isto seja possível e até considerado normal. Não me entusiasma a República mas não percebo que os senadores do Partido Socialista, como Soares, Gama, Alegre, Almeida Santos, Sampaio, para citar só uma mão-cheia deles, não ponham ordem na ganapada, não os eduquem e não lhes ensinem que a República, a sua querida República e o seu Presidente não são para ser tratados desta forma.
Não há Senado e não há civilidade. Quando esse relevantíssimo 'bem' falta na esfera do Estado, isso é que é muito mais importante - e degradante - do que a insolência de uma qualquer criatura mal educada. Mas é até bastante bom que ele continue assim e vá reincidindo. Além de órfão, não aprende mesmo.
É oficial: somos o pais ideal! Discute-se hoje com fervor e frémitos de indignação o atraso de vinte minutos do primeiro ministro para a sua audiência com o PR! Thank you, Lord!
Numa República não é normal. Nesta república é corriqueiro. Ainda há-de ser o Berlusconi a ensinar a estes xuxas os mínimos da decência e respeito pelas instituições. E não estou a pensar em botões.
VLX, Sinto ser meu dever transmitir-lhe que ponderei devidamente a sua justa e sisuda replica à chalaça, que, num momento menos feliz, proferi, e que me confesso pesaroso e esmagado. Não ousando pedir-lhe que me desculpe (sabendo, embora, que a sua magnanimidade irá nesse sentido), atrevo-me, todavia, a sugerir-lhe que tenha em conta, precisamente, como, de forma perspicaz, não deixou de assinalar, a minha pouca instrução nas coisas do respeito pelas instituições.
Agora mais a sério, caramelo. Eu sou monárquico, não tenho que defender a república. E não sou particular adepto de Cavaco Silva. Imagine-me, portanto, mais ou menos isento, ou pelo tanto quanto não simpatizo com o PM.
Mas não posso admitir que se desconsidere o Chefe de Estado (que, como lembrou avisadamente há oito dias António Costa, é também o Presidente da República…). Ao contrário do que o caramelo julgou, eu não estou a discutir um atraso qualquer à entrevista a um primeiro emprego: eu estou a chamar a atenção à ofensa deliberada do PM ao Chefe de Estado e à República. “Só” isso. Aceito que não se importe com isso, mas eu importo-me, mesmo sendo monárquico, porque de certa forma ofende o meu país na pessoa do Chefe de Estado, seja ele quem for e qualquer que for o regime.
Dir-me-á que sendo eu monárquico devia estar calado. Talvez. Limito-me a usar da enorme liberdade de expressão que os republicanos tinham no final da monarquia, embora com muito mais contenção. Mas já não percebo, repito, que Soares, Sampaio, Gama, Almeida Santos, Alegre e muitos outros republicanos convictos permitam este tipo de coisas mais próprias dos ganapos do BE do que de um governo socialista, coisas que nem a CDU permitiria. Acha que alguma vez Barroso teria feito isto a Sampaio? Ou mesmo Santana Lopes ainda que profundamente sentido? Ou que Cavaco teria feito isto a Soares? Ou Soares a Eanes? É preciso sentido de Estado, isto não é a universidade não-sei-das-quantas, no recreio de domingo.
VLX, isto não tem a ver com ser monárquico ou republicano, nem eu alguma vez expus a questão nesses termos. O VLX parte do princípio de que o atraso foi uma ofensa deliberada do PM, uma forma de retaliação. Eu não acredito nisso, pura e simplesmente, é totalmente inverosimil, desculpe lá. Qualquer um que ande há uma porrada de anos na politica, como o PM, já desenvolveu formas, digamos, um pouco mais sofisticadas de retaliação politica, não? Terá havido, quando muito, descuido, mas o mais provável é que tenha havido fortes razões de última hora, que nem valerá a pena esmiuçar. Lá se terão entendido. Não faço ideia se o Cavaco ou o Soares alguma vez fizeram coisa igual aos seus “maiores”, mas não seria tão rápido no gatilho a garantir que não. Teriamos de ver os registos do livro de ponto no palácio de Belém. Mas não creio que seja matéria que interesse grande coisa a qualquer investigador ou historiador que não seja colaborador do Borda d’Água. Já agora, respeito verdadeiro pelas instituições, foi coisa que Cavaco nem sempre teve, quando era PM, nomeadamente no prestar de contas aos deputados eleitos da nação, para mim o orgão mais elevado e representativo de uma democracia. Coisas um pouco mais graves e inclusive com maior carga simbólica do que atrasos em audiências, acho eu.
E qual é o problema com a virgula após o perspicaz? Ora essa. E porque não podemos tratar-nos a todos por tu, seguindo precisamente o exemplo da monarquia aqui do lado? Há algumas instituições muito nossas que eu dispensaria muito bem ;)
O comentário do Caramelo tem toda a pertinência e e muito mais verosimilidade que o ataque ao PM pelo atraso. Pela boa disposição, de parte a parte, posterior à reunião, tudo indica que o atraso deveu-se a força maior, foi compreendido e aceite pelo PR. Não lhe passa pela cabeça de monárquico,VLX, que um PM também tem assuntos de Estado a tratar de elevada gravidade? Ou que como pessoa humana também pode ter questões pessoais urgentes, inultapassáveis, inadiáveis? Por acaso ainda enxerga na figura do PR, o monarca absoluto?
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