Falta o contextozito,para podermos perceber se as situações são comparáveis. Estranhamente, ou talvez não, está omisso no post. É assim que começa (e acaba) a demagogia.
Caro Jeronimo, trata-se de excerto de um editorial do Correio da Manhã, de Agosto de 2004, assinado por João Marcelino, ao tempo director desse diário. Série: Casa Pia. Temporada: cassetes roubadas. Episódio: Transcrição pelo Independente (c/ Inês Serra Lopes) dos diálogos entre um responsável da PJ e o jornalista Octávio Lopes, do CM. Na imprensa, o excerto é repescado por Graça Rosendo, no Sol e por Henrique Monteiro, no Expresso.
Caro Jeronimo, cada um formará a sua própria opinião. Só tentei avivar a memória relativamente ao contexto. O jornalista do CM tinha os diálogos gravados com a sua fonte mas não os publicou; as cassetes desapareceram; começaram a circular alegadas transcrições do seu teor; o Independente publicou uma transcrição identificando o jornalista do CM e a respectiva fonte. Daí a reacção acalorada do então director do CM. Ironia da comparação: na altura, quando a transcrição circulou, houve quem visse na existência dessas conversas e, sobretudo, no seu teor, um argumento para reforçar a tese da cabala contra o PS que teria contaminado a investigação do processo Casa Pia... Quanto a João Marcelino, penso que ele fez, nas duas ocasiões, o que se espera de um director: que defenda os seus. Para defender os ideais do jornalismo há os provedores...
pois é, o critério parece ser «[...]João Marcelino [...]fez, nas duas ocasiões, o que se espera de um director: que defenda os seus». já ontem ferreira fernandes, no expresso da meia noite, afirmava que um jornalista só tem obrigações para com a sua fonte, não para com a(s) fonte(s) do(s) outros, que eventualmente poderão ver os seus pc's invadidos e correspondência privada impressa e publicada. ou seja, no primeiro caso, o jornalista tem um código deontológico que cumpre à risca, no segundo caso (e parece que ninguém quer ver) comete-se um crime (mas um crime menor pois a manobra é de superior interesse público, e o ladrão/toupeira um herói corajoso). mas o importante é que o director defenda os seus - presume-se que também num crime - salvaguardando, assim, a honra da corporação. joão marcelino e ferreira fernandes legitimam, assim, o vale tudo. de que acabarão por ser vítimas, mais tarde ou mais cedo. cá estaremos para ver. e aplaudir.
Insisto que as situações não são comparáveis, porque neste último caso são reveladas coisas arrepiantes, que infelizmente são minimizadas ou esquecidas . É normal a presidência constituir dossiers sobre outras pessoas ? Como ? A que propósito ? É legal ou legítimo ? É normal a presidência forjar notícias dando a ideia que terão uma origem diferente da real ? É legítimo ? Se uma conversação ou um mail é divulgado porque revela estas aberrações, estamos mais preocupados com o facto de esse mail ter sido desviado ? E o que ele revela, não interessa ? Há anos que se assiste à devassa da vida privada, conversas telefónicas, registos de toda a espécie de todo o tipo de pessoas públicas sem que ninguém se incomode. Porque é que agora, quando o feitiço se vira contra aqueles que jogam este jogo há anos muita gente fica ofendida ?
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