O único ponto de contacto que haverá entre mim e Saramago, a respeito da Bíblia, é que nenhum dos dois se importará muito que Saramago vá um dia crepitar largo no quinto dos infernos. Daí que não ligue ao que diz e ao que escreve sobre o assunto, e muito menos às suas opiniões. Também não me incomoda que invente o que lhe aprouver e deturpe as histórias bíblicas nem que, por fim, se convença de que tem piada.
A única coisa que enoja é que nas suas campanhas publicitárias e para vender os livrinhos que lhe brotam da cabecinha se ponha a ofender galhofeiramente milhões de crentes, desde muçulmanos, judeus, cristãos, até todos aqueles que têm fé em alguma divindade e respeito por alguma religião. O homem pretende barulho, confusão, estardalhaço para vender as historinhas. Seja.
O que lhe deve ser oferecido é a mesma reacção da gente civilizada perante um ganapo malcriado que larga um flato em público: virar costas rapidamente e nem ligar.
"Simpatizo com o espírito blasfemo das declarações de José Saramago na apresentação do romance Caim, mas também me parece que se trata de um truque de marketing relativamente gasto e cansado (por muito que a Igreja continue a morder o isco), e que criticar o catolicismo é uma actividade que não carece, hoje, de especial coragem. A Bíblia poderá ser, sim, um “manual de maus costumes”, uma “invenção”, um “absurdo” e um “disparate”, mas, bem vistas as coisas, os católicos e as suas fantasias já não representam uma ameaça para quase ninguém. A esmagadora maioria dos católicos não segue a Bíblia e está-se a borrifar para as encíclicas e ordens papais. Usam preservativo e pecam abundantemente. Gostava que, no fim da vida, Saramago utilizasse o prestígio que dá ser Nobel e se dedicasse a combater crenças e religiões que, igualmente assentes em “maus costumes”, “invenções” e “disparates”, ainda produzem danos efectivos, que proíbem, coarctam a liberdade individual, ameaçam e matam. Talvez o mundo, um dia, pudesse agradecer-lhe. Por M.J.Marmelo http://teatro-anatomico.blogspot.com/
A Igreja morde o isco mas pode haver também quem morda o pescador. Convirá não esquecer que o mundo muçulmano segue parte da Bíblia, pois julgo que só em Abraão a coisa bifurca (falo de cor).
De acordo. Todavia, afrontar a Igreja Católica é algo que fica sempre bem à família política em que se filia o Senhor Saramago e não traz qualquer “maçada” como aquela que sucedeu ao Senhor Rushdie.
O Destinatário das blasfémias de Saramago está a borrifar-se para o que ele diz e para o espírito com que o diz... O resultado da publicação das suas palavras é a ofensa e o desrespeito de milhões de pessoas, nas suas crenças ou convicções. E o mais curioso é que este discurso, bafiento e cansado, é expressivamente consequência do tique capitalista do dito prémio Nobel: o lucro a todo o custo. O ze que esqueça o prestígio do prémio Nobel e as eventuais vantagens que ele podia trazer. Com esta nomeação, o Prémio Nobel da Literatura perdeu a réstia de prestígio que lhe sobrava e desbaratou a centelha de independência de que ainda se podia gabar. Por isso, nada há a esperar do premiado nem do prémio. O mundo agradecia, já, ao Sr. Saramago, era que ele se calasse em definitivo. A bem de todos.
Embora ateia, incomodam-me os comentários de José Saramago por duas razões: pela enorme falta de respeito para com milhões de pessoas e pela gigantesca ignorância que revelam. É que o arrazoado do Nobel é do gênero facilito/encima do joelho, de uma pobreza, não direi franciscana, mas apenas patética.
"O ze que esqueça o prestígio do prémio Nobel e as eventuais vantagens que ele podia trazer." Caro MFM, onde é que eu disse tal? E, por favor, não me considere um "adepto" do senhor Saramago.
Sinceramente, esta nova arremetida do Saramago contra "os católicos", é uma completa bacoquice! É indisfarçavel que o homem está a ficar xéxé, e insiste no que lhe dava mais gozo. Faz-me lembrar uma cadela velha que o meu pai tinha, que apesar de completamente caduca, insistia em tentar subir para o carro para ir à caça. Só o posso aconselhar a rir-se de vez em quando (acho que nunca vi): parece que estimula a oxigenação do cérebro.
Já agora, porque raio é que dizer mal da bíblia (na verdade, do Antigo Testamento) há de ser interpretado como um ataque à Igreja Católica específicamente? Na verdade, é o que se pretende, mas a Igreja Católica é provavelmente a Igreja Cristã a que o AT menos diz (os protestantes em geral dão muito maior importância a esta parte da Bíblia) e então aos judeus, diz tudo, uma vez que apenas reconhecem essa parte da B. e na verdade foram eles, como povo, que a escreveram.
Um rabi de Lisboa que ouvi na televisão fez até agora o melhor comentário ao assunto: "Vozes de burro não chegam ao céu!"
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