Duas campanhas eleitorais - legislativas e autárquicas - e nem uma palavra sobre políticas de droga. Facto tão mais interessante quando sabemos que Portugal é hoje um vibrante entreposto de cocaína e que a criminalidade violenta das cidades é, sobretudo, devedora do narcotráfico.
No relatório anual ( 2008) da PJ lemos:
"(...) 43,6% das rotas internacionais identificadas tinham como destino final Portugal (24 em 55), mantendo-se a tendência de que – em matéria de tráfico internacional – o território nacional é maioritariamente utilizado como ponto de trânsito para outros destinos finais: Espanha (12), Holanda (4), Reino Unido (4) Itália (2), França (2), Áustria (1), Alemanha (1), Bélgica (1), Hungria (1), Senegal (1), Guiné-Bissau (1), e África do Sul (1)".
No mesmo relatório podemos consultar a distribuição geográfica das maiores apreensões: urbanas (Porto e Lisboa) e Algarve. Exceptuando o caso do Algarve, que aparece por razões óbvias (
e a que já aqui aludimos), as grandes aéras metropolitanas concentram também, como foi sempre, as maiores taxas de criminalidade violenta. O tráfico veio acrescentar à realidade habitual um fardo pesadíssimo que os nossos políticos parecem ignorar. Por enquanto.