Rabos de palha porquê? Já leu o livro? Ou ficou pelo excertozinho publicitado pela filha do Le Pen? Deixo-lhe aqui algo mais que o tal excertozinho descontextualizado http://www.lemonde.fr/politique/article/2009/10/08/extrait-de-la-mauvaise-vie-de-frederic-mitterrand_1251310_823448.html#ens_id=1241480 Pode ser perturbador ler um pedaço de vida sem fard, mas não há aqui ponta de pedofilia.
E isto "resposta às críticas dos camaradas de partido." é falso. Frédéric Mitterand nunca pertenceu ao PS francês e nem sequer alguma vez foi um compagnon de route.
Com a devida vénia à Rititi: " PREMIO VAI AO CU A TI: OS AMIGOS DE POLANSKI Um adulto que tem relações sexuais com uma criança comete um crime, seja este adulto um bom vizinho, um cabrão que bate na mulher, uma vítima da sociedade, um generoso filantropo ou um cineasta genial. É um crime nos Estados Unidos, em Portugal ou na Islândia. Outra coisa é que estes crimes de pedofilia se persigam e os pedófilos sejam castigados, ou senão que o perguntem aos putos da Casa Pia. E Roman Polanski não só violou uma miúda de treze anos, como também a drogou, confessou o crime e depois fugiu dos Estados Unidos a sete pés. Agora que foi preso na Suiça 32 anos depois, o mundo das artes reclama, indignado, uma atençãozinha especial, a liberdade incondicional e o perdão absoluto como se a condição de artista eximisse a qualquer escritor, realizador, cantor ou pintor de pacotilha de delinquir. Como se no fundo ser dono de um Oscar desse direito à absolvição, não importando a natureza ou aberração do crime, como se houvesse dois tipos de pessoas (as ungidas pelas musas da criação e o povão a quem a lei se deve aplicar por falta de amor ao cinema) artistas e cineastas, actores e ministros levantam a voz contra a América que dá medo (Mitterand dixit) e a Suiça que, vergonhosamente imaginem, se atreve a prender artistas. Ouvindo esta gentalha que se insurge contra o possível julgamento de um gajo que violou uma criança, palavra de honra, tira-se-me a vontade de ir ao cinema, de lhes pagar as entradas, de alugar DVDs e até, se me apuram, de dar uma parte dos meus impostos para a cultura. Como é lógico os crimes, para este lobby de ungidos, só prescrevem para os autores de obras de arte e nunca para padres pedófilos, carrascos da repressão de Pinochet ou guardas da campos de concentração nazi. Claro, uma criança nunca estará à altura das grandes causas universais que dão direito a manifestações às portas de igrejas e embaixadas, manifestos sofridos e concertos a favor das vítimas, e muito menos se a dita criança teve a sorte de ser violada pelo fabuloso e internacionalmente reconhecido Roman Polanski. É que uma gaja já começa a ficar farta de tanto relativismo moral, no me jodan. Etiquetas: prémios vai ao cu a ti por rititi - http://www.rititi.com/
É uma jóia, esse ministro da cultura francês que adora o prazer de pagar a rapazes para ter sexo na Tailândia. Nem sei como não lhe deram ainda uma medalha. Ou se calhar até já deram, mais do que uma, e nós não sabemos. Que riqueza, o lambãozão ocidental a lambuzar-se deliciado com os rapazes tailandeses (ou de outros cantos do mundo, quiçá raptados), famintos e paupérrimos. Chato é as viagens e o jet-lag, não seria melhor importar os garotos para a nossa querida e velha Europa? E que manifestação de elevação literária, ter relatado tudo em livro! O homem é fabuloso, eu é que não estava a ver bem a coisa.
É pouco honesto fazer uma amalgame entre pedofilia e homossexualidade, VLX, não acha? E espero que o que se vai passando no Bois de Boulogne o incomode tanto como a cena da Tailândia.
Em relação ao caso Polanski, se fosse no nosso país, há muito que o crime estaria prescrito. A prescrição dos procedimentos criminais e dos crimes justifica-se por razões de humanidade. Ninguém pode estar uma vida inteira sujeito à ameaça de um processo crime. Só mesmo nos EU, onde ainda se advoga a pena de morte, isso é possível. Daí que também me choque alguém poder ser criminalizado por um acto que cometeu há mais de meio século atrás.
Trata-se de um fugitivo condenado e não de alguém indiciado ou acusado. O crime pelo qual foi condenado com trânsito em julgado também não ocorreu há mais de meio século. E já que traz aqui a paróquia à colação, recordo o “homem das cavernas” no Minho, fugitivo também, mas despido de qualquer áurea artística.
Mesmo sendo um fugitivo condenado o processo estaria prescrito ao fim de mais de meio século. Pois quer o crime quer o procedimento criminal têm prazos de prescrição. O homem das cavernas fugia à justiça desde 1993 e não desde 1973.
“Polanski deu-se como culpado por ter relações sexuais com uma rapariga de 13 anos em 1977, mas o realizador, distinguido com o Óscar, fugiu dos EUA na véspera de ser emitida a sentença, em 1978, por temer uma condenação a 50 anos de prisão.” - http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1403950. Um cidadão exemplar, uma referência para sociedade. E eu que cometi a terrível injustiça de dizer que se tratava de um fugitivo condenado. Afinal, restam dúvidas se houve lugar à prolação da sentença. E se houve, ocorreu o respectivo trânsito. Ele há tantas questões… Que tremenda injustiça a minha. Qual será o meu crime perante a personagem “oscarizada”? E já agora não sendo um artista o que posso esperar? Será que devo fugir?
VLX, como sabe, a nossa tradição judicial, bem como todo o sistema jurídico, são bem diferentes do americano. Ainda bem. Eu tenho verdadeiro horror àquilo. O texto exemplar da rititi é uma cena do ódio, só com ódio, sem qualquer piada, uma coisa sinistra. A questão é o tempo entretanto decorrido. E não estamos perante um Crime contra a Humanidade, imprescritível, tenham juizo. Mais extraordinário é culparem o homem de ter amigos que o defendem. Extraordinário,
VLX ando há anos a lè-lo, concordando e discordando, mas isto caramba ...
nem falo do Polanski (é ele um pedófilo?, um violador? um boémio 60s-70s? sei lá) É isto uma questão de diferentes sistemas judiciais, esquecendo nós as questos morais que isso pode esconder?
Agora o choradinho do espoliado e violado rapazinho tailandès (ou vizinho), francamente, náo só lhe nao lhe fica bem, como não cabe no paradigma intelectual em que V. habita (e salutarmente). Aqui é só vontade de caneladas ...
Depois há aquela, que não lha atiro mas se aplicará a tantos, do "quem nunca pecou que atire a primeira pedra ..."
Já agora, o texto da Rititi que li via 100Nada, e que aqui foi aludido, é de um vigiiantismo nojento. Muito burgo-lisboeta. Mas repugnante
Caro VLX, Ao que parece o texto da Rititi causou elevada comoção e patentes manifestações de asco ao ponto de alguns perderem noções elementares de matemática e tecerem loas ao nosso sistema judicial como contraponto ao bárbaro sistema anglo-saxónico. Pelo facto peço desculpa. Vou tentar, então, com um outro texto, com a firme esperança de que este não destile ódio e se quede por uma, vá duas, ideias que eu na minha infinita ignorância considerava um truísmo. Com a devida vénia ao João Pereira Coutinho: “ Deve um homem de 77 anos pagar por um crime cometido há três décadas? Depende do crime. Se falamos de furto ligeiro ou abuso de liberdade de expressão, não existe uma única alma compassiva que não encolha os ombros e mande o sujeito em paz. A velhice, por vezes, já é castigo que baste. Mas o cenário muda radicalmente quando o homem em questão drogou e violou (vaginal e analmente) uma jovem de 13 anos. Aqui, o meu coração estremece. E as dúvidas, confesso, transformam-se em pó. Não que seja um pudico nessas matérias: posso entender que um adulto se sinta atraído por uma menor, desde que a "menor" em causa demonstre um grau de maturidade sexual e emocional que relativize a questão etária. Mas uma violação é uma violação é uma violação. O auditório talvez concorde comigo. Mas o mesmo auditório sente dúvidas quando trocamos a expressão "homem de 77 anos" pelo nome "Roman Polanski". Duas semanas atrás, o famoso diretor polonês foi preso na Suíça e agora corre o risco de ser extraditado para os Estados Unidos. Motivo conhecido: em 1977, na casa do amigo Jack Nicholson, em Los Angeles, Polanski, então com 44, drogou e violou Samantha Gailey, então com 13. Levado a tribunal, e após acordo entre as partes, a acusação abandonou o crime de violação e ficou-se por relações sexuais com uma menor. Polanski aceitou o negócio, confessou o crime e, depois da confissão, fugiu dos Estados Unidos. Nunca mais lá voltou. E agora? Agora, políticos de toda a Europa e a elite cinematográfica de Hollywood clamam pela libertação de Polanski. Argumentos? Vários. Uns dizem que Polanski já cumpriu a sua pena, ao ser forçado ao "exílio na Europa" durante 30 anos. Outros evocam o passado trágico do homem: a família que pereceu no Holocausto; a sua condição de sobrevivente ao genocídio nazista; o brutal homicídio da mulher, a modelo Sharon Tate, às mãos da quadrilha Manson. E todos relembram que a própria "vítima" já perdoou a Polanski. Não vale a pena perder tempo com nenhum destes argumentos: o "exílio na Europa" (como se a Europa fosse o Ruanda e Polanski tivesse nascido em Marte); um passado de tragédias pessoais; e até o perdão de Samantha Gailey não alteram a natureza do crime, que nenhuma sociedade civilizada pode ignorar. Os argumentos em defesa de Polanski servem apenas para iludir, de forma hipócrita, uma verdade essencial: ninguém defenderia Roman Polanski se ele não fosse um "artista". No fundo, ninguém defenderia Polanski se não persistisse entre nós a ideia romântica (no sentido próprio do termo) de que os "artistas" não se submetem ao mesmo código ético e legal que regula a humanidade inteira. Pelo contrário: os "artistas" criam a sua própria moral e, no limite, serão julgados por ela. Defender Roman Polanski apenas porque ele é Roman Polanski é dizer, implícita e perversamente, que a pedofilia é tolerável desde que o pedófilo dirija filmes.“http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/joaopereiracoutinho/ult2707u633277.shtml
Zé, mas acha que citar o JPC lhe adianta alguma coisa? Eu acho que o sistema judicial norte-americano é de facto "bárbaro". Começando pelo facto de permitir a pena de morte, o que só por si dispensaria a enunciação de mais razões. É a mesma cultura que defende que uma criança de seis anos seja algemada e expulsa de uma escola só por ter dado um beijinho a outra criança. Os que tanto se insurgem contra o Politicamente Correcto, são os mesmos que depois defendem tão calorosamente a pátria da coisa contra os relaxados dos europeus. Curioso. Eu estou a defender a minha/nossa cultura judicial europeia comum, que considero de facto superior, feito o balanço entre defeitos e méritos. Choca-o? E consola-me de facto que se levantem tantas vozes em defesa do Polanski, no mesmo sentido em que me arrepia tanto justicialismo e tanto ódio contra o homem. Obviamente, estão muito menos preocupados com aquela adolescente, possiveis sequelas, seu destino posterior e sua opinião (estão-se nas tintas), do que com o dar porrada nos “artistas”, como lhes chama o artista JPC.
1- Não venho aqui para adiantar ou deixar de adiantar, mas apenas para esgrimir algo que me parecia evidente. A acédia incomoda-me. É, deveras, inaceitável deixar passar incólume um crime tão abjecto e repugnante como a violação de uma criança de treze anos. Pensava, pelos vistos mal, que tal seria uma evidência. 2- Se bem notou falei no sistema anglo-saxónico e não me referi ao sistema judicial norte-americano que é demasiado vasto e diverso. Em todo o caso, como demonstra um certo apego ao nosso sistema judicial só posso deduzir que não o conhece de todo. E como gosta de exemplos posso-lhe citar o caso da “coutada do macho ibérico” do Venerando Supremo Tribunal de Justiça em que foi “doutamente” entendido que os “machos” violadores não podiam ser alvo de “especial censura” uma vez que se encontravam na sua “coutada de caça”…. Quando fala da “minha/nossa cultura judicial europeia” comete um erro de avaliação. Há várias matrizes na chamada cultura judicial europeia a que alude. A anglo-saxónica é apenas uma delas e, seguramente, não é pior do que as restantes. 3- No que me diz respeito está redondamente enganado. Aprecio bastante o Polanski enquanto realizador. Acho até que o Óscar de 2003 foi uma das poucas coisas sensatas da academia na presente época. Isto é a minha consideração pelo artista. Não nutro nenhum ódio contra o homem apenas acho que um indivíduo pelo simples facto de ser artista não pode estar acima da lei que o julga, com a agravante de se tratar de um fugitivo. O artista deve ver protegida a sua liberdade de criação, que não deve ter escolhos, sobretudo, os de nível moral. Julgo que concordará comigo quando afirmo que a violação de uma menor de 13 anos, ainda que ocorrida há 32 anos, não pode, de forma alguma, ser considerada uma criação artística… 4- Não me leve a mal mas gosto de me socorrer de quem prezo e, como tal, transcrevo um pequeno excerto de Alberto Gonçalves: “ Quer dizer, muitos pedófilos fazem filmes, e é normalmente depois de os exibirem na Internet que são descobertos pela polícia. Polanski distingue-se porque faz "arte", na medida em que as suas fitas cinematográficas suscitam aclamação crítica e as suas fitas privadas suscitam indulgência crónica. O artista naturalmente não depende dos códigos morais ou legais que regulamentam a vida dos simples, mas dos critérios que a sua iluminada cabeça prescreve. Quando viola a criança vizinha, o escriturário do 3.º esquerdo mostra a sua irreformável perversão e convoca as massas para vigílias e marchas brancas. Quando a criança tem a felicidade de ser abusada por um vulto do cinema, da literatura ou da pantomima, as massas marcham em sentido oposto: o vulto exerceu o seu ilimitado direito, a queixa da criança é que foi abusiva.” http://dn.sapo.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1387092&seccao=Alberto%20Gon%E7alves&tag=Opini%E3o%20-%20Em%20Foco Sim, sim já sei que não “adianta” e que este cronista destila ódio e outros sentimentos quejandos. Mas, em todo o caso, fica registado para a posteridade a posição de uns e de outros. 5- Uma nota final: Deus nos livre dos actos do homem mas nos conceda a graça do artista e das suas criações.
Zé, uma correcção: o sistema judicial continental, o de raiz romano germânica (era desse que eu falava, obviamente), é de “familia” diferente do sistema anglo-saxónico, o da common law, vigente nos estados unidos, inglaterra, etc.… O último é mais emocionante e dá excelentes filmes de tribunal, lá isso dá. O Twelve Angry Man, do Lumet, é um dos meus filmes de cabeceira. É um direito mais de juizes e jurados, em oposição ao sistema dos códigos, continental, para simplificar a coisa. Mas já não interessa para aqui grandemente essa discussão. O que eu me pergunto é o que leva tanta gente a querer engavetar um homem que cometeu um crime há mais de trinta anos e a insurgir-se, pasme-se contra os que o defendem. E se tivesse sido há setenta anos? O homem não é pedófilo, no sentido médico, entendida pedofilia como disturbio psiquiátrico; praticou um acto de pedofilia há mais de trinta anos. Não estamos, acho eu, a falar de um monstro criminoso. Não entendo tanto encarniçamento, nem contra ele, nem contra os que o defefendem. Eu entendo que um homem não pode ser perseguido toda a vida por um crime, tivesse já sido condenado, ou não. Só isso.
1-É sempre bom esclarecer do que se fala. Defende o sistema continental de raiz romano germânica e não um tal de “minha/nossa cultura judicial europeia comum” a que alude no seu comentário anterior. Pois, faz muito bem. Eu, por exemplo, prefiro o sistema anglo-saxónico em vez dos autores alemães que inquinam o nosso processo penal. Mas como diz muitíssimo bem “já não interessa para aqui grandemente essa discussão.” 2- Excelente escolha do filme com um superlativo papel do Henry Fonda. 3- É óbvio que se tivesse sido há setenta anos o autor do crime já deveria estar morto, atendendo à esperança média de vida e, como tal, havia lugar à extinção do procedimento criminal. 4- Uma vez mais o óbvio. Há crimes que não podem estar sujeitos a prescrições ordinárias e a violação de uma menor com treze anos é, decididamente, um deles. 5- O Roberto Saviano queixa-se muitos dos amigos dele. É uma pena, se calhar não os soube escolher.
VLX, nem entre por ai, não me lixe. E qualquer jurista (ou leigo...) sabe que a pena, seja como medida de retribuição, seja como medida de prevenção, é menor tratando-se de um caso isolado, do que se se tratar de uma situação de crime habitual ou em série.
O frederico poderá aterrar quando se esgotar o prazo de prescrição previsto na lei portuguesa para o caso. É um facto, não é um juizo de valor. Querem acabar com os prazos de prescrição para a pedofilia? Força. Por enquanto, é o que temos. Só pedia, se não fose pedir demais, que se mantivesse o habito saudável (acho eu), de discutir e decidir cada caso isoladamente.
Nisto tudo, há uma coisa curiosa, que muito espantará quem, como o ze, defende o sistema americano: na California (e noutros estados, embora menos), vigora esa instituição curiosa que é o "three-strikes law", que pode levar a que um tipo que roube por três vezes um pão, seja condenadoa uma pena de prisão tão ou mais elevada do que... por exemplo, o Polanski. Curioso, não?
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