Dado que o grande maestro António Carlos Jobim terá desaparecido sem conhecer fundamentadamente a nascente de Pisões, concelho de Moura, imagino que a maior afinidade entre os dois seja o medo pavoroso de andar de avião. Só que ele, ao aproximar-se do então Galeão, ainda conseguia construir versos e melodias fabulosas.
Tenho por certo que isso só foi possível por, na altura, se permitirem lugares para as minorias fumadoras, coisa que a ventilação moderna possibilitaria hoje com muito maior facilidade e qualidade para todos, se não fosse o estúpido politicamente correcto imposto até no interior dos aeroportos.
Sem o charuto que sempre o acompanhava e um red vermelhinho carregadinho de gelo, Jobim certamente não teria conseguido elaborar no avião este sambinha fabuloso que, curiosamente, não me sai da cabeça.
Caro Vlx, O Francisco José Viegas contou, recentemente, que um instituto qualquer recusou uma fotografia na qual Fernando Pessoa aparecia de cigarro na mão. E, ao que parece, advertiram para que tal não se repetisse. Este processo dos fanáticos “saudinhas”, ferozes adeptos de uma “ditadura de higiene”, já não tem travões. Receio que o dia em que me peçam pelas análises do colesterol e dos triglicerídeos antes de degustar um Queijinho de Hóstia ou uma Crista de Galo esteja próximo. Demasiado próximo.
Caro ze, um dia vão reformular as fotografias de Winston Churchill para lhe retirarem o charuto...
Mas ofereço-lhe uma deliciosa: um fabuloso sentido de humor da minha agência de viagens fez escrever na papelada que me enviou "serviços a bordo: não fumadores". Espero não ter de pagar mais por isso...
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