A condição miserável é a mais natural. Inclui a solidão, a tristeza e a angústia. Escapamos por vezes a esta condição e retemos esse sucesso como um triunfo. É narcotizante, aditivo e chamamos-lhe felicidade. Não há aqui lugar para a glorificação da dor nem para o pessimismo. Reparem: quase nada é necessário para que a condição miserável medre. Um 18 em vez de um 19, uma palavra da sogra, uma multa de trânsito. O torpor instala-se e permanece. Por outro lado, as grandes tragédias sitiam-nos para sempre. Agora vejam o trabalho a que nos damos para ser felizes. Manuais, remédios, actividades organizadas, cirurgias. E os sonhos, essa prova vadia de que a miséria é real.
"A angústia é algo que anda connosco, que sempre e por toda a parte nos acompanha. Procuramos sempre livrar-nos dela pela mentira, insuflando na nossa existência uma coragem fictícia e nas nossas acções um optimismo vil, e é por isso que toda a nossa existência é falseada e que as agressões e a violência são inevitáveis. Só quando tivermos coragem bastante para aceitar a angústia poderemos retomar um caminho mais autêntico e mais honesto."
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