Ocorre em alguns estados norte-americanos um desvio interessante. Quando same-sex-parents (SSP) se separam, o pai biológico ( homem ou mulher), em caso de conflito sobre a guarda da criança, utiliza frequentemente o mesmo sistema que lhe negou o direito a constituir legalmente uma família. Os tribunais decidem sempre a favor do pai ou mãe biológicos, pois apenas estes são reconhecidos. Os SSP amputados do parceiro que não tem o laço biológico com a criança passam a constituir uma família semi-legal. A minha deambulação por esta secção deveu-se a uma curiosidade. Estudando a literatura científica tenho-me deparado com uma coisa notável. Existe unanimidade acerca das conclusões em todos os estudos ( exceptuando um que fica para outra altura) sobre a qualidade de vida de crianças filhas ( biológicas de um ou de nenhum dos membros) de casais homossexuais. Unanimidade em ciência ( psicologia clínica e do desenvolvimento, sociologia, psiquiatria, pedopsiquiataria) é algo de muito raro. É certo que a ciência é unânime acerca da fórmula da água, mas este assunto é um bocadinho mais escorregadio. Uma das justificações que os empenhadíssimos cientistas pró-LGBT dão até é razoável: as amostras são pequenas. Ainda assim, haverá muito, mas mesmo muito, para desbastar nesse terreno e , por isso , regressarei a este tópico mais tarde. O problema do laço biológico, como vemos, não nos larga. A adopção até acaba por ser uma questão menor, porque quase sempre um dos membros do casal consegue ser pai biológico da criança. E é porque o outro, manifestamente, não o consegue ser, que os tais laços da carne ( escarnecidos pelo psicólogo que citei no número anterior) assumem um papel crucial nesta história. ( continua)
FNV, a tua abordagem do assunto não deixa de ser interessante, mas um pouco demasiado... conceptual. Fico então à espera que desças ao terreno, para dizer mais qualquer coisa.
O argumento da entrega das crianças ao pai biológico é frágil porque, como sabe, existindo filhos biológicos de apenas um cônjuge nos casamentos entre pessoas de sexo diferente sucede exactamente o mesmo.
Estas matérias não são lineares. Apesar dos juízes deliberarem sempre a favor do pai biológico, considera-se incesto quando um padrasto tem relações com o filho "adoptivo"...
Sobre os estudos que enumera, a verdade é que eles não só são concordantes como já constam dos livros de Psiquiatria (mesmo americanos), área tradicionalmente avessa a mudanças pouco consensuais.
Numa coisa estamos de acordo: são necessários mais estudos. Mas se o que está em causa é o superior interesse das crianças, a comparação verdadeiramente relevante é entre as crianças que crescem num casamento entre pessoas do mesmo sexo e as outras que crescem institucionalizadas.
«o pai biológico ( homem ou mulher), em caso de conflito sobre a guarda da criança, utiliza frequentemente o mesmo sistema que lhe negou o direito a constituir legalmente uma família.» Bem, não estou surpreendido que alguém a lutar pela custódia do seu filho usa argumentos que ontem não subscrevia. Isso prova o valor objectivo dos laços de sangue ou que nesta luta (pelos filhos) usualmente não se olha aos meios? Quanto a unanimida científica... realmente que outra ilação se possa tirar dela excepto de que há aindo poucos estudos? Já agora, tens um exemplo das outras justificações dos "empenhadíssimos cientistas pró-LGBT" que, concluo pela forma como as referes, são todas irrazoáveis?
Não há poucos estudos, há amostras pequenas, o que é diferente. A unanimidade faz-me desconfiar, pois faz. Sei muito bem o que é escolher factos que confirmem as nossa teorias ( as ciencias psis fazem disto uma história natural). Mas há mais coisas interessantes nesse coro. A seu tempo...
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