Telefonemas privados de um PM que constituam matéria reservada da vida privada deixam de o ser quando contenham indícios de responsabilidade criminal que obrigam as respectivas escutas a passearem-se entre a PGR e o STJ. Nessa situação, é natural que as pessoas queiram e obtenham uma explicação, o que é bem diferente da devassa da vida privada. E é um dever oferecer a explicação.
Ora o PS não quer que ninguém fale dos inúmeros casos, situações ou processos judiciais em que, com maior ou menor transversalidade, Sócrates se vê invariavelmente directa ou indirectamente envolvido. Por onde passa ou passou, Sócrates deixa um rasto de situações inverosímeis, estranhas umas, estranhíssimas outras, suspeitas algumas, e, como disse Ferreira Leite, as pessoas falam do assunto em todo o lado, nos cafés, nas ruas, autocarros, no trabalho e nas suas casas, é caso de chacota, gozo e descrédito da vida pública, da política e indirectamente do sistema judicial.
O silêncio proposto pelo PS na Assembleia da República (em mais um desfasamento enorme relativamente à vida real dos portugueses) vai incomodar o próprio PS, mais tarde ou mais cedo, ou pelo menos incomodará aquela grande parte do PS que não se revê neste tipo de primeiras páginas diárias. Francisco Assis e Jorge Lacão não se prestarão a este papel durante muito tempo. E com eles muitos mais.
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