Não existem cartas trocadas entre Gottfried Benn ( 1886-1956) e Boulgakov ( 1891-1940). É pena, tiveram histórias parecidas: médicos, namoraram regimes terríveis, acabaram por ter dificuldades com esses regimes. Como não há troca de correspondência, imagino-a eu. Teoria geral da imigração:
No limiar te detiveste, transpô-lo, não - digo-te eu, ninguém se apeia em minha casa, na casa só quem lá nasceu.
Vê o viajante, chega e pára, traz sede e dá-se-lhe bebida, mas só um copo - e os velhos trincos correm-se logo de seguida.
De que ano data esta tradução de VGM dos poemas de G. Benn? Qual é a editora? Sabe dizer-me se nesse livro consta um poema recitado no filme "Saló" de Pasolini que diz qualquer coisa deste genero: "elas escutam a radio e bebem o chá/do grau zero da liberdade/não acreditam que a burguesia/ foi sempre a primeira a vender os seus filhos".
Desculpe o interrogatório... Termino com uma provocação, a propósito de uma troca de mensagens que tivemos neste blogue: já reparou que os adeptos do Benfica estão a conseguir superar as "alegadas" especialidades dos adeptos do Vitória? Primeiro as pedradas e agora as cadeiras...
Quanto aos adeptos tem razão. São todos uns animais. E em todos os clubes existem adeptos "maus".É claro que para os lados de Palermo, ao que parece, os "maus" estão muito bem organizados, o que é preocupante...
"À sombra das jovens meninas em flor que não acreditam na infelicidade, ouvem rádio e bebem chá ignorando que vão perder a sua liberdade. O que eles não sabem é que a inveja nunca hesitou em matar mesmo os seus próprios filhos."
A tradução é mesmo essa? Eu não tenho o DVD mas tinha ficado com uma ideia um pouco diferente do poema, como pode ver pelo que escrevi no meu comentário...Esse poema é mesmo de G. Benn? Está traduzido para português ou inglês?
O FNV devia ficar contente por ter gente neste seu refugio a falar sobre poesia. Daqui a uns anos pode dizer que é o Pascoaes da internet e que o Mar Salgado é o seu Solar de Gatão...
Desconheço a autoria do poema. Transcrevo uma versão diferente, esta sim, contida nas legendas do DVD do filme,
"À sombra das jovens meninas em flor que não acreditam na malícia, elas ouvem o rádio e bebem chá. Do nível zero da liberdade. O que eles não sabem é que a inveja nunca hesitou em matar mesmo os seus próprios filhos."
De Gottfried Benn tenho apenas o já referido, 50 Poemas, Relógio D'água, 1998. Sei, também, que João Barrento já traduziu outros poemas editados apenas em colectâneas.
Despeço-me com um deles,
Cariátide
Liberta-te da pedra! Rebenta
a caverna que te escraviza! Lança-te
extasiada pela campina! Escarnece das cornijas –
olha: pela barba do sileno ébrio,
do seu sangue eternamente fervilhantes
sonoro único perpassado de ecos,
goteja vinho no seu sexo!
de Karyatide, Gottfried Benn (tradução de João Barrento)
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