Por vezes - foi sempre assim- sentimo-nos entre dois mundos. O antigo, familiar, mas ao qual reconhecemos defeitos e imperfeições, e o novo, remexido e alegre, mas que nos inspira cuidados e o mesmo receio de uma dor indeterminada no pulmão. Acontece que por vezes existem coisas que pensamos serem do mundo antigo e afinal são do mundo novo: um jornal trazia hoje, com orgulho, a notícia que cada vez mais mulheres portuguesas vão engravidar a Espanha de pai incógnito. Poder-se-ia julgar que era do mundo antigo não se conseguir fazer uma família na nossa terra: falta de trabalho, solo árido, bandos de saqueadores. Afinal é do novo.
Mais mulheres vão a Espanha engravidar de pai incógnito porque o projecto de lei do BE não passou na assembleia da republica a autorizar que em Portugal mulheres solteiras possam engravidar medicamente assistidas. E é uma decisão prepotente do estado. Se eu dou 42% dos meus impostos para ter cuidados de saude qdo preciso e se precisar de ter um filho medicamente assistida por ser solteira é-me vedado esse direito. É uma atitude prepotente por parte do estado. Do ponto de vista individual tomei a decisão de não tornar orfão de pai o meu filho por vontade de ter um filho, e agora já não tenho vontade (espero que não seja uma racionalização:)). Se uma mulher não tem nenhum homem que a ame (e se recusar a ir para a cama sem isso) fica coartada de ter filhos e a impossibilidade de ter filhos pode ser tão importante em termos de saude como para um casal que não consiga te-los e, por isso, parece-me incorrecto no sec.XXI a saude em Portugal não oferecer esta possibilidade.
(Agora espero um chocarrilho de respostas preconceituosas que estão na base do crime hediondo perto de Coimbra.). Até muitos bloquistas e bloguistas ficaram horrorizados com este pensamento tão claramente expresso e assinado.
E 42% é do meu rendimento não dos impostos. Não é a configuração de um crime de fuga aos impostos.:)
E para retirar a discussão do pagamaneto do serviço pelo estado. Segundo a lei portuguesa é atentado contra a lei a procrição medicamente assistida a uma mulher solteira. Mesmo o registo não pode "ter" pai incógnito por isso aplica-se aqui " a acção pode não ser desejada por aqueles que a sofrem e em vários casos complicar a vida às pessoas".
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