Já é evidente a necessidade de MFL permanecer no posto. O nevoeiro levanta e os olhos começam a habituar-se. MFL disse poucas coisas na campanha, mas todas acertadas ( salvo a parte gaga da Madeira). Resumindo: que isto está muito pior do que diz a propaganda, que é preciso proteger o backbone da economia ( as PME), que não podemos endividar ( ainda ) mais o país em projectos megalopatas. E tudo - ou apenas - isto foi explicado sem comícios ( recordam-se?), sobriamente e de rosto fechado. Desgraçadamente, a autocensura de costumes impôs a fantasia e a credulidade numa espécie de código obrigatório: não perguntes, não queiras saber, não acredites. Não foi apenas a mensagem que foi julgada, foi também o mensageiro: o estilo de MFL colava demasiado à realidade da situação e o fetiche português, o feitiço do salazarismo e do provincianismo foi usado à má-fila pelos profissionais do PS e pela 5ªcoluna do PSD. Vão habituando os olhos. Não adianta esfregar.
MFL disse muito mais. Começou por dizer que Sócrates era um cobarde se cedesse aos professores. Mais tarde disse que a luta dos professores era justa e que se solidarizava com eles.
Disse que rasgava todas as medidas socias tomadas pelo governo de Sócrates. Disse mais tarde que nunca tinha falado em rasgar nada. Disse ainda depois das eleições que o governo ao ceder na educação e nas taxas moderadores estava afinal a "rasgar tudo", como ela tinha sugerido.
Disse ainda que aumentar o salário minimo era irresponsável e defendeu o fim do PEC, criado por ela, e que é o único mecanismo eficiente de combate à fraude fiscal no sector empresarial.
eu até percebo o seu ponto de vista. É natural que, para si, MFL seja a solução mais credível dentro do PSD. Mas é preciso não esquecer os factos:
1- derrota nas legislativas em toda a linha, para o PS e para o CDS, quando o PSD tinha tudo para, pelo menos, ser ele a roubar a maioria a Sócrates. Não o foi, e ficou-se pelo mesmo resultado de Santana. A péssima campanha eleitoral que fez ajudou ao resultado. Principalmente para quem estava a fazer uma bela pré-campanha.
2- derrota nas autárquicas. Já sabemos que aqui é difícil avaliar as responsabilidades da líder. Contudo, houve escolhas demasiado más e que resultaram na derrota previsível: Lisboa ou Leiria para citar dois exemplos. O PS ganhou algumas câmara ao PSD.
Se a direita quer tirar Sócrates e o PS do poder, duvido que seja com MFL. 2009 foi um ano para esquecer - apenas a escolha de Paulo Rangel a salvou de um ano trágico mas nem essa boa escolha MFL e o PSD conseguiram aproveitar para as eleições seguintes.
FNV, o 2º não é boato. São declarações de MFL na televisão que estão registadas e que podem ser consultadas. Aliás todos os pontos por mim referidos são baseados em prestações de MFL que estão registadas e são or isso indesmentíveis. É a chatice de ter que estar sempre a dizer qualquer coisa para a TV, quando se é líder da oposição. No caso da senhora, os seus aficionados tremiam sempre que ela abria a boca.
«E não se arranja maneira de a convencer a candidatar-se outra vez?
henrique pereira dos santos»
Esta pergunta-desejo só pode ter sido feita por uma acólito de Sócrates. Só pode... Ninguém na plena posse de todos os sentidos é assim tão politicamente invisual...
Caro CAA, Conhece alguma crítica de Sócrates ou de alguém relevante a Passos Coelho? Compare com a forma como tratam Ferreira Leite e conclua. Que Ferreira Leite comete erros grandes (não só o da Madeira, também o das listas, por exemplo, mas não pelas exclusões) estamos de acordo. Mas que os erros cometidos são, do ponto de vista dos interesses do país (que me estou nas tintas para os interesses eleitorais dos partidos) incomparavelmente mais irrelevantes que os erros de Sócrates e de Passos Coelho (que raramente se criticam mutuamente).
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