Nenhum ditador se lembrou de coisa tão simples como a de proibir a pessoa de falar. Andou-se a gastar dinheiro com censura, censores, deportações, exílios, alguns de luxo, com estadias na prisão, com isto e com aquilo e afinal era tão simples: sentenciava-se apenas: o Senhor não pode falar. As cabecinhas da CD da Liga é que são espertas. Determinam "o Senhor não pode falar", e pronto. A sanção mais estúpida de todas, a censura mais abjecta de todas, a enormidade maior: o Senhor não pode falar. Não pode falar, não pode emitir opinião, não pode aparecer, não diz nada, fica caladinho. Como todo este país de mudos.
A ideia é de tal forma genial que consta por aí que numa nova versão do monopólio se está a pensar em substituir a carta do "vá imediatamente para a prisão sem passar pela casa da partida e sem receber dois contos" pela do "o Senhor não pode falar". Assim, o jogador continua a lançar os dados e a andar ali pelo tabuleiro, correndo o risco de passar pelas propriedades dos adversários (risco esse que inclui o de ser apedrejado e atacado pelos stewards dos hotéis e de ainda ter de pagar por isso). Mas, como não pode falar, não pode comprar propriedade alguma. Se o jogador tossir, deixa ainda de receber os dois contos da partida. Quanto ao tabuleiro do jogo, a casa da “prisão” deixa de ser necessária, pelo que será substituída por uma zona verde cujo proprietário poderá, logo na primeira jogada e a custo zero, transformar numas bombas de gasolina (ou num bingo, esta questão ainda não está completamente decidida) e vendê-la na jogada seguinte por dez vezes o valor facial. Segundo as novas regras, a carta referente a essa casa do tabuleiro será entregue no início do jogo a um dos jogadores. Ao do pinoco vermelho.
Depois da notícia de hoje do Record, que o seu colega publicou antes do seu post-cruzada diário (a azia, pelos vistos, teima em não passar), você ainda tem a lata de vir falar do Benfica? Eu pensava que você era um tipo sensato. Algumas das coisas que aqui escreveu eram bem boas. Agora, nada. E nem se pode alegar clubite, esse sinónimo de insanidade temporária, porque o seu colega FNV é do Benfica e continua a atacar o Luis Filipe Vieira e o Cardozo e não sei quem mais. O homem não está proibido de falar sobre tudo, mas só de prestar declarações oficiais, sanção que resulta de um processo de corrupção, do qual, se bem se lembra, o mesmo senhor não recorreu. Não falar?! Ele devia estar proibido de presidir! Mas sobre isto não escreve você. Faço minha a acção publicitária da Guaraná: porque será?
Estive a reler os regulamentos do novo Monopolio, que o Vasco explicou...mas reparei que se esqueceu de varias regras. Assim e para que fique bem explicado aqui vão as regras que VLX teimou em não querer ver:
- O Jogador do Pinoco Azul recebe no inicio do jogo a carta de proprietario da loja: "Frutas & Bonbons" : que pode oferecer a quem lhe der jeito.
- A casa Prisão, desaparece, mas é substituida por uma casa com o nome: "FimDeSemana Relampago em Vigo"
- De cada vez que o pinoco Azul, cair na regra "Ficar sem falar", recebe de imediato um chapelinho em casca de ovo, e passa a ser conhecido por : "Cal(a-Te)imero"!
Como explicar o facto de isso ser possível no "mundo do futebol", mesmo estando este situado num país democrático? Há vários factores que contribuem para o fenómeno, mas um deles é certamente o facto da maioria das pessoas que gostam desse jogo se relacionarem com ele de modo tão irracional. Isso leva-as a relativizar as prepotências e a ser permissivas. Pelo menos quando a actual vítima não é alguém do seu clube, pois quando é alguém do mesmo clube cai o Carmo, a Trindade e o Estado de Direito.
Como explicar o facto de isso ser possível no "mundo do futebol", mesmo estando este situado num país democrático? Há vários factores que contribuem para o fenómeno, mas um deles é certamente o facto da maioria das pessoas que gostam desse jogo se relacionarem com ele de modo tão irracional. Isso leva-as a relativizar as prepotências e a ser permissivas. Pelo menos quando a actual vítima não é alguém do seu clube, pois quando é alguém do mesmo clube cai o Carmo, a Trindade e o Estado de Direito.
Qual o nome a dar a um Estado em que uma pessoa é: 1 - Impedida de falar e dizer o que pensa. 2 - Sujeita a uma tentativa de homicídio numa auto-estrada e não são encontrados responsáveis. 3 - Escutada e essas escutas são divulgadas em toda a imprensa e o som original publicado livremente. Este é o exercício que todos os portugueses deveriam fazer sobre o que se está a passar neste país sem se falar em futebol, nem clubes, nem arbitragens. Quer se goste ou não de Pinto da Costa, cada um de nós devia reflectir sobre se é isto que quer para Portugal e como se sentiria se fossemos nós os visados.
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