PSICO-INCOMMODA : o que é uma psicoterapia ? (III):
Os incommoda (por oposição aos commoda) são, para Séneca, as coisas a evitar: as doenças, a pobreza, a perseguição movida pelos poderosos, etc. No meu canto, neste canto, tenho apontado baterias, ao longo de todos estes anos, para dois alvos: a autonomia e o amor-próprio. Continuo a acreditar em João dos Santos: qualquer pessoa capaz de estar sozinha - e com gusto - tem meio caminho andado. Ainda estamos nos primeiros contactos. O papel de Canaris é importante e, confesso, aprecio-o imenso. Seja para despiste de outras incommoda, seja como simples triagem, seja como pré-terapia: como é que ponho esta pessoa à vontade para me dizer coisas que só deveria dizer a quem confia, sendo que eu não sou ( ainda) seguramente uma delas? Há uma parte que não se explica - vem da experiência, do erros, do estilo pessoal -, há outra que se treina. A obsessão: reunir informação suficiente. O cuidado: tratar o sujeito como uma testemunha ocular. Pois, o olhar. Nunca desviar o olhar, as pessoas não são leões, não sinalizam o contacto visual como uma ameça. Depois a jinga. Se o outro está entupido num ponto quente : gosta de cinema? E a pressão alivia. No toureio isto chama-se templar.
Bom dia Filipe, Estous a gostar desta série..apesar de não ser da área. Bem escrita, para variar e capaz de envolver os não profissionais ( como eu ) na problemática. Parabéns e passei a acreditar no João Santos. Um abraço
João dos Santos... que saudades das suas aulas... nunca me esquecerei como ele, numa aula prática no Centro Hellen Keller em Lisboa, entrou em relação com um menino invisual que tinha sido chamado do recreio e que trazia um pauzinho na mão.
"O silenciar nem sempre é calar. Há um calar que é voluntário e a pessoa sabe que está calada. E há um silenciar que é assim uma espécie de vácuo, de um sentimento vago que a pessoas não sabe bem o que é nem de que se trata, e portanto silencia. (...) (...) é realmente preciso ter uma certa disponibilidade para estar calado com sinceridade, com franqueza. (...) A experiência do silêncio, da solidão é decisiva na vida de qualquer pessoa." João dos Santos
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