Na Educação para a morte ( Bertrand 2008) , conto a história de uma jovem mulher , com dois filhos, que morre de cancro. No livro, cerquei a sinfonia da última coisa que pode dar prazer : para ela, era esperar o regresso das aulas da mais nova e comer leite com bolachas. Hoje recupero outro osso. A gestão do silêncio terapêutico ocupa milhares de páginas na literatura psicológica e psicanalítica, não precisam de mim para isso.O silêncio que essa mulher me impôs tinha uma casca diferente. Estarmos diante de alguém que morre a olhos vistos e ter de falar. Sim, porque ela fazia perguntas, logo eu tinha de responder. Recordo-me sempre de um ratito. Mal havia uma oportunidade, eu calava-me. O meu silêncio era -me oferecido, e isso não é terapêutico. Pois não.
Terapia para ela? Para quê? Agora o silêncio que lhe era oferecido a si, esse, eu já não sei. O Filipe saberá. Só me pergunto, se não o tivesse sido, estaria a escrever sobre ele? Joana
É preciso ver as coisas na perspectiva. Uma situação terapêutica não tem de ser uam análise de dez anos. Joana: esta mulher quis ajuda, quis falar nos últimos meses de vida. Ana: este silêncio não era terapêutico porque ela gostava que eu palrasse.Enquanto pau vai e vem...
"É preciso ver as coisas na perspectiva. Uma situação terapêutica não tem de ser uam análise de dez anos." Este, Filipe, é um ponto que me parece verdadeiramente importante quando se fala em abordagens psicoterpêuticas. Lembrei-me disso um destes dias quando o Luís M Jorge lhe propôs que falasse sobre os limites do processo psicoterapêutico.
Sim, acredito que gostasse de o ouvir palrar, acredito, tb, que gostasse - e se sentisse melhor - com a sua presença.
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