Uma das coisas mais engraçadas das discussões é o argumento imbecil. Pessoas até tidas por inteligentes socorrem-se, entrincheiram-se mesmo em argumentos imbecis com uma facilidade e candura de meter dó. Um dos mais deliciosos exemplos deste tipo de argumentos é, na discussão que alguns tentam travar e a maioria de esquerda no parlamento tenta travar, aquele de que a Assembleia da República tem legitimidade para decidir sobre o casamento de pessoas do mesmo sexo sem necessidade de referendo. Pois é evidente que a AR tem legitimidade, quem mais teria? A Assembleia-Geral dos Bombeiros Voluntários de Mogadouro? A Assembleia Municipal do Seixal? Inexistindo matéria obrigatoriamente sujeita a referendo, é óbvio que a Assembleia da República tem legitimidade para legislar sobre o assunto, pelo que o argumento é oco. A questão não é essa: é saber se os partidos respeitam o instituto de referendo por si criado ou não: a resposta é que o partido socialista, o bloco de esquerda, os comunistas e os verdes não respeitam a figura do referendo.
Outro argumento muito imbecilzinho ouvi-o da boca de Isabel Moreira, entrevistada por Mário Crespo. Não sei quem o inventou, se saiu daquela cabecinha ou se lhe foi soprado por alguém, mas é uma delícia. Reza assim: os partidos políticos de esquerda na AR que querem impedir o referendo (PS, BE e CDU) tiveram, juntos, mais votos do que as 90.000 assinaturas que propõem o referendo pelo que não faz sentido fazer o referendo. Digam lá que não é uma delícia?
Vasco, O meu também deve ser imbecil: esses partidos declararam, na campanha, apoio ao casamento de pms, pelo que não vejo a utilidade de um referendo. Se bem que uma discussão não faz mal a ninguém, isso é verdade.
se o programa dos partidos é completamente suficiente, acabe-se não só com o instituto do referendo como até com a própria Assembleia da República. Sempre era uma poupança.
Reitero o meu argumento: se o PSD tivesse ganho as eleições com a posição que se conhece ( instituto diferente do casamento) , estarias agora a pugnar por um referendo ao casmento gay? Claro que não.
É por isso que eu voto em branco. Nunca encontrei um programa de partido com o qual concordasse em todos os pontos! Pelos visto parece que basta vir previsto no programa para ter legitimidade. Legitimidade formal concerteza que não falta mas legitimidade material, que é a mais importante, não existe. Se o referendo não serve para esta questão então para quais serve? à excepção dos casos de referendo obrigatório é claro que a assembleia tem sempre legitimidade. Mas então o referendo fica reduzido a esses pouquissimos casos.
Vir ou não no programa do partido é uma falácia inventada por Sócrates para vetar a proposta do BE no passado. Como se os deputados à AR, na sua missão, estivessem impedidos de legislar sobre qualquer matéria que se tivessem esquecido de meter num qualquer programa partidário! É uma menoridade que não atiro aos deputados, embora muitos mereçam (estes cordeirinhos do PS deviam ter vergonha).
Por outra via, se 90.000 pessoas só podem solicitar referendos relativamente a assuntos que não estejam nos programas dos partidos, então acabe-se com o referendo: é outra falácia.
Desculpa, Filipe. Eu não pugno nem pugnei pelo referendo, embora ache que esta era uma daquelas questões para as quais se poderia justificar o instituto. Por outra via, confesso não ter tido ainda tempo para conhecer com rigor o projecto do psd. De todo o modo, e tanto quanto sei, ele não adultera o instituto do casamento. Por fim, pugnando ou não, o que me repugna é que o instituto do referendo seja enxovalhado desta forma a que assistimos. A brincar com coisas sérias, o referendo deixou de ter razão de existir em Portugal, mais vale acabar de vez com ele pois só está ali para ornamentar. E mal.
E a questão mais importante de todas: o que é que a Assembleia da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Mogadouro tem que ver com o caso? Hein? Alguém me explica? eh, eh, eh...
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.