1) Que era ao contrário. MFL ganhava as eleições com 37% dos votos, prometendo vedar o casamento aos homossexuais. O PCP e o BE apresentavam na AR uma petição para referendar o dito casamento. Querem convencer-me de que o PSD conservador e o CDS aceitavam "porque estava em causa a vontade do povo" ? Tretas.
2) Que não sei onde estudaram os que tanto se tomam por liberais . Eu andei na escola de Tocqueville, Aron e Smith ( The theory of Moral Sentiments está sempre a um metro da minha cadeira). Aprendi que os modos de vida dos meus compatriotas, desde que conformes à justiça e à soberania do Estado, não devem ser alvo do meu julgamento público.
3) Que os católicos ganham juízo: casam como querem e defendem a sua ideia de sagrada família sem que ninguém os incomode. Há muito de bom nesse projecto; é bem melhor do que a redução dos laços humanos a um efémero rodopio de "sensações" e de" amor".
Quanto a 1), na mouche. Quanto a 2), provoco: na visão liberal em voga só age de forma tolerante quem aceita que i) qualquer pessoa é tão boa como qualquer outra e ii)qualquer escolha pessoal é boa, desde que livre e esclarecida (e conforme à justiça e à soberania do Estado). Qualquer hierarquia objectiva das possíveis escolhas já é um desvio, uma intolerância discriminatória. Isto tem, porém, um corolário que alguns liberais recusam: haver apenas um valor objectivo da acção humana (a autodeterminação da pessoa) e todos os demais bens (valores) só poderem ser avaliados subjectivamente. Serão maus discípulos do liberalismo? Quanto a 3) provoco: até aqui a instituição social e católica "matrimónio" (e os valores embebidos nesse instituto)tem directa correspondência numa figura jurídica: o casamento. Agora uma maioria parlamentar, casual, "one-day stand", acaba com essa correspondência e potencia uma diminuição da força simbólica do matrimónio. Que os católicos protestem será indício de falta de juízo? Antecipando outros patrulheiros, esclareço que sou a favor da reforma mas não tenho certezas absolutas...
não sendo patrulheiro nem de mim proprio aqui vai :
"Quanto a 3) provoco" a sua provocação:
1 - Quando diz: "(...) "matrimónio" (e os valores embebidos nesse instituto)tem directa correspondência numa figura jurídica: o casamento" - por directa intendesse "casar e divorciar e casar e divorciar, etc" conforme a Lei permite? ...é que na minha opinião, e correspondencia não será assim tão directa quanto isso...mas ainda sou solteiro posso estar a ver mal.
2- Estou de acordo quando diz que o Paralamento "acaba com essa correspondência e potencia uma diminuição da força simbólica do matrimónio." - sendo que a minha concordancia assenta na expressão que utilizou muito bem : "força SIMBOLICA". Porque de facto o Casamento, e sem qualquer tipo de influencia dos homossexuais, já pouca força efectiva tem...!
Acredito, Pedro; um abraço, António. Delfux: não é bem assim, ma sterei todo o gosto em voltar ao liberalismo e suas pontas. Por exemplo, o da neutralidade do estado liberal...
Peagá, eu acho que um “hierarquia objectiva das possíveis escolhas” é sobretudo um desvio à lógica. E que os católicos protestem é falta de juizo, sim. Desde quando é que a força simbólica de qualquer instituição jurídica, moral ou religiosa, está dependente do número de pessoas que a aceitem ou adoptem?
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