Falei de condicionamenmto e de interferência no tempo de Cavaco ( apenas isso) e quiseram internar-me. Se isto aconteceu com um privado, imaginem como não era na RDP ou na RTP:
"Apesar de ter sempre rejeitado pressões por parte dos Governos de Santana Lopes, Durão Barroso e António Guterres, Miguel Paes do Amaral sugeriu que durante o Executivo de Cavaco Silva elas existiram."No início da década de 90, durante mais de um ano, inspectores da Direcção-Geral de Contribuições e Impostos estiveram instalados nas minhas empresas pessoais e na Soci, que detém o 'Independente’, no que pressupus uma tentativa clara de condicionar a linha editorial do jornal", afirmou".O resto da peça também é um bom condutor ( o bold é meu):
"
Se a conversa tivesse a ver com os comentários do professor Marcelo, teria sido o director de informação [José Eduardo Moniz] a falar com ele", acrescentou, afirmando que no decorrer dos mais de quatro anos em que o comentador esteve na estação apenas a título informal abordou este tema".Insisto. Na génese do que hoje discutimos - a interferência do poder político nos media - , como dizia o Pedro Lomba, num comentário ao meu post
Cabeça Fria II ( agora reparo que parece o título de um filme de zombies), está algo de muito mau. O capital investido nos media , salvo excepções, não tem apetência para cruzadas e ordenará, em cada momento, o que é melhor para os seus interesses. A capa de "privado" é apenas isso mesmo: uma capa que é alugada ao poder político vigente.
A liberdade de expressão - científica, artística , sindical, política - não só não se esgota na traficância historicamente sistemática de centros de decisão mediáticos, como, felizmente, não depende apenas destes. Acreditar no contrário é colocarmo-nos nas mãos dos homens do capital que traficam com os governos.
Orwell* disse-o melhor :
One has only to think of the sinister possibilities of the radio, State-controlled education and so forth, to realise that "the truth is great and will prevail" is a prayer rather than an axiom.* Review of
Power: A New Social Analysis by Bertrand Russel, The Adelphi, January 1939.