É extremamente curioso mas Ana Gomes critica ferozmente Rangel por este fazer, na sua opinião, aquilo que ela própria afirma ter feito. O disparate da crítica da eurodeputada, em si mesmo, é delicioso e caricato mas a comparação não tem razão de ser. Ana Gomes e Elisa Ferreira candidataram-se, praticamente ao mesmo tempo, a dois cargos diferentes: a deputadas ao Parlamento Europeu e à Presidência de Câmaras Municipais. Paulo Rangel não fez isso: candidatou-se unicamente a deputado ao Parlamento Europeu.
Mas isso não impede ninguém de se candidatar, alteradas as circunstâncias, à presidência do partido em que milita. A essa candidatura não podem ficar impedidos os deputados ao Parlamento Europeu, à Assembleia da República, a Presidências de Câmara, da Junta de Freguesia ou a quaisquer outras actividades que desenvolvam, públicas ou privadas. A pensar de outra forma, estariam impedidas de se candidatar à presidência de um partido inúmeras pessoas. Que pensar de um administrador de empresas que aceita a confiança dos accionistas para exercer um mandato à frente da sociedade para depois se candidatar à liderança do partido em que milita? Estará impedido? Necessitará de esperar pelo fim do mandato?
Isso não faz sentido algum por muito que custe a alguns.
Bem, quem puxou dos galões da moralidade nesse assunto foi Rangel.E com ares de Duque de Alba. Mudou, OK, mas não lhe ficava nada mal um pedido de desculpas.
assim como apresenta a situação, está tudo muito bem, muito claro e percetivel.
Só falta o pequenissimo promenor, de que Rangel assinalou e sublinhou varias vezes a diferença: Elas vão e não pretendem cumprir o mandato, Eu sou diferente. Eu, Rangel, vou cumprir até ao fim.
Julgo que é este pequenissimo promenor que AG salienta agora, ainda mais tendo sido "asfixiada" pelo mesmo durante a campanha.
Pondo demagogicamente de parte algo que o proprio Rangel clamava como factor diferenciador, até podemos divagar a vontade.
Acho que tem tudo a ver com coerencia e caracter...promenores cada vez mais irrisórios nos dias de hoje!
Tem razão VLX. Não têm razão os leitores, nem FNV nem as deputadas em causa. Rangel candidatou-se APENAS a um cargo, que está a desempenhar regularmente e que até poderia - a lei ou a ética não o impediriam - continuar a desempenhar, mesmo eleito presidente do PSD. Nas circunstâncias em que se candidatou, fez bem - era o mínimo - ao assegurar que pretendia cumprir o mandato, agora afectado por esta alteração de circunstâncias (em Junho de 2009, Rangel NÃO poderia saber que, em Março de 2010, iria haver eleições para a presidência do seu partido; aliás, deveria estar crente de que MFL seria presidente social-democrata e primeira-ministra durante alguns anos).
Pois é Nuncio, é verdade que Rangel não poderia saber em 2009 que iriam existir eleições em 2010.
Mas já sabia em 2010, a posição e postura que assumiu publica e vincadamente sobre o seu mandato caso fosse eleito.
Considero que ninguem tem de ficar refem das suas proprias afirmações quando muda de opinião. Agora quando se atiram vigorosamente pedras aos telhados dos vizinhos, geralmente deve ter-se o cuidado de não mandar fazer os nossos de vidro . É que geralmente as pedras enviadas fazem ricochete. é o que se passa agora!
Tem é toda a legitimidade para assobiar para o ar...quem quizer que se entretanha com a musica que ele toca. Eu não compro!
Delfux, não sei assobiar. Defeito meu, e não é o único. Outro é não gostar de comparar actuações diferentes, com pressupostos diversos, por agentes distintos. As senhoras em causa candidataram-se, com dois meses de diferença, a DOIS cargos que pretendiam - só o desmentiram após toda a pressão subsequente - exercer em ACUMULAÇÃO. Dois cargos públicos, REMUNERADOS, preenchidos por sufrágio directo UNIVERSAL. Tal desconforto foi tão evidente que o secretário-geral do partido delas decretou que seria excepcional a sua situação. O cavalheiro em causa candidatou-se APENAS a um desses cargos e tem-no vindo a exercer. Agora, sete meses depois, e porque o partido a que pertence vai submeter-se a eleições INTERNAS, decidiu candidatar-se a seu presidente (cargo que não sei se é remunerado, mas não será certamente pelo orçamento do Estado). Aliás, a censura a Rangel é, no mínimo, caricata. No limite, quase todos os presidentes ou secretários-gerais dos partidos portugueses teriam, seguindo esse critério absurdo, de abandonar as suas funções públicas e passariam a ser escolhidos os desocupados... Não conheço nenhum dos três envolvidos, não sou militante dos respectivos partidos e até tenho alguma admiração pela (intermitente)coragem de A. Gomes e P. Rangel. Mas não comparo situações diferentes nem tomo tudo por igual.
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