Certo dia, o Joãozinho chegou a casa mais cedo. Pousou a mochila , foi à cozinha buscar buscar umas Oreo e sentou-se em frente da TV para ver na Fox um episódio dos Simpson, quando ouviu barulho. Não era suposto estar ninguém em casa aquela hora. Temeroso, dirigiu-se em direcção ao quarto dos pais, pois o barulho vinha de lá. A porta estava fechada, mas Joãozinho podia ouvir uns sons parecidos com os que fazia a Laica, a cadela do 3º esquerdo, quando queria brincadeira. Encostou a orelha à porta e ouviu a voz da mãe. Corou. Já nos seus onze anos, buço a despontar e algumas horas na net em casa do Miguel, percebeu. A mãe estava a ter sexo. Não resistiu e espreitou pelo buraco da fechadura. Assustou-se, porque na cama com mãe estava um homem que ele não conhecia. Saiu de casa com o fogo no rabo e só voltou à hora de jantar. Quando o irmão mais velho, estudante de Direito, chegou, quis contar-lhe tudo. Não sabia o que fazer. O irmão não quis ouvir. Não se espreita pelo buraco da fechadura. Quando a mãe lhe foi dar uma roupa ao quarto, o Joãozinho contou-lhe o que tinha visto. A mãe deu-lhe uma estalada. Depois olhou para ele muito séria e avisou-o: Não viste nada! És sempre a mesma coisa, sempre a fantasiar. Livra-te de falares disto a alguém. O Joãozinho continuou muito aflito e, já muito tarde, foi ter com o pai ao escritório. Contou-lhe. O pai sentou-se muito direito na cadeira e disse-lhe: "Não se espreita pelo buraco da fechadura. Isso é muito feio. Devias ter vergonha. Saiu, acabrunhado, do escritório ainda a tempo de ver o pai encher um copo de whisky até ao cimo. Algumas semanas depois, o Joãozinho redigiu uma composição de tema livre a pedido de uma professora. Escolheu "A Verdade". Começava assim: A verdade é aquilo que vemos, que todos sabem, mas que só vale se tivermos a chave.
Penso que era o Borges, escritor argentino, que dizia que a ditadura era a mãe de todas as metáforas.
Não que vivamos em ditadura, mas esta insistência no que se pode e não pode dizer tem esse efeito pernicioso: o de se falar de tudo de uma forma muito mais impressiva e ressonante. Com metáforas.
humm...só falta a parte do filho do meio, mais 'rebelde', ter passado o dia seguinte à porta de casa a dizer a quem passava que queria que a mãe desse uma justificação cabal para os sons que o irmão mais novo ouviu no quarto dos pais.
Exactamente !!! Plenamente de acordo com a abordagem, e é de facto tambem o pensamento que partilho. O que é privado deve ter todas a garantias e respeito e deverá ser inviolavel MAS...quando o privado passa a ser do dominio PUBLICO...já não poderá ser ignorado.
O problema é que o que está acontecer não é bem como esta história do joãozinho, o problema não ele confrontar o pai a mãe ou o irmão, no caso que nos está a acontecer em Portugal, o qu eo Joãozinha anda a fazer é ir para a porta contar a todos os que passam na rua, uma história de interesse Do público e não de interesse público. As escutas são para ajudar a reunir prova, por si só não são provas e ouvidas lidas pelo púbblico em geral não passam de cusquice. estou convicta que há corrupção, que há manipulação através do poder económico, que existe conluio. mas vamos lá a descobrir e PROVAR tudo isso. para mim, no meu canto, acredito muito pouco no que dizem todos já (politicos e jornalistas). Vamos a ver... AG
Caro, Também até Galileu todos viam o Sol (o verdadeiro mesmo)girar em torno da Terra e até a Inquisição via, tinha a certeza e até tinha a "chave" divina. Caro, desde os gregos que se sabe bem que aquilo que se vê à superfície quase nunca é o que se esconde no fundo da matéria quanto mais na superfície de num papel racional e intencionalmente impresso de escrita criativa. A sua história do joãozinho está fora do caso e é fraquinha para quem se esgrime com denodo intelectual.
Rsspostas correctas e extremamente educativas: A e C. A B estava histérica, claro. não pensou, errou. Próxima lição "para que querias tu a chave, puto? ai, ai... FNV, pôe aí um crime no quarto, qualquer coisa assim, o amante era menor, sei lá, senão a história não funciona como tu queres.
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