O experientíssimo e respeitabilíssimo responsável pela sala do afamado restaurante da capital aguardava, aflito, aos saltinhos do pé esquerdo para o direito, há já imenso tempo. Irresistivelmente, espreitou pelo buraco da fechadura da porta há muito secretamente trancada: era o cozinheiro que lá dentro se desfazia na maior e mais extraordinária cólica que a maior parte dos seus sentidos já tinham sentido. A coisa afigurava terminar-se, ou então o cozinheiro. Espreitou novamente. Foi a coisa que terminou primeiro. O cozinheiro, esse, levantou-se alegre e impunemente, engavetou o cinto na fivela e dirigiu-se para a porta sem se lavar.
"O chef não lava as mãos, o chef tem as mãos sujas!..." – constatou ele horrorizado....
post scriptum: nunca soube muito bem como depois acabou a história. Disseram-me há pouco que o infeliz velhinho acabou por confessar ter espreitado pela fechadura e descoberto que o chef tinha as mãos sujas. Os ajudantes de cozinha depuseram a favor do chef e puseram as suas mãos no fogo pelas mãos sujas do chef mas a clientela, mesmo a mais fiel, finalmente atenta e por fim definitivamente enojada, acabou por deixar de frequentar o consideradíssimo restaurante que tem hoje na vitrina exterior a placa “trespassa-se”.
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