A propósito de uma parte da discussão que corre no post anterior: o currículo de quem pretende dirigir o país. Um comentador habitual da casa insurgiu-se logo:
"FNV, o que é que aprendeste com aquilo, afinal? É a velha queixa da falta de curriculum dos candidatos fora da politica, combinada com a nossa ainda mais velha mania dos catedráticos. Abaixo disso, é “idiota de aldeia” ;) Espero que nos EUA não tenham os mesmos critérios de recrutamento. Aliás, não têm. Nem para cargos políticos, nem noutras coisas. Por isso é que são os EUA".
O nosso comentador está pletoricamente errado. O problema não é o de vir de fora da política. Passos Coelho está na política desde a adolescência, mas fez exactamente o quê? Geriu câmaras municipais, ou ocupou cargos no governo e permitiu que fizéssemos uma avaliação do que pensa e do que sabe fazer? Claro que não. Esteve no partido, na mecânica do partido, nos cargos de nomeação partidária. E fora da política, o que exibe para que lhe confiemos o leme? Um percurso académico mais discreto e banal do que o Ucal e quatro anos divididos entre uma empresa e as corridas eleitorais no PSD . Nos América, dizia Tocqueville, um coveiro pode ser mayor. Pois pode. Ou um médico, ou um construtor civil, ou seja o que for, com peso e trapio. Com vida.
Ah, mas o Toqueville ficaria maravilhado com o PSD: já lá está um coveiro, não, uma equipa deles, a competir por quem escava mais fundo. Há trastes ou excelentes pessoas cheios de vida e trápio e tudo e tudo, bons ou maus no seu ofícios, que eu não quereria para gerir o condomínio do meu prédio.
Isso é a tentativa de um argumento por analogia, mas falhada. Nesse tipo de argumento, a validade da premissa inicial é tudo. Ora, eu não disse que "basta" ter vida, peso, trapio, etc...
FNV, tomei isso em conta. O que eu quis dizer é que não só não “basta”, como por vezes, frequentemente, não serve de grande coisa. De resto, toda a gente tem “vida”, nesse sentido que tu apontas, Passos Coelho incluído. Saberá, pelo menos, mudar lâmpadas. Quanto a ideias e propostas do Passos Coelho para a governação, nem tenho acompanhado, para ser sincero, mas se o problema é a experiência, acho que a politica partidária dá bastante. É aqui que estamos em desacordo.
O "mudar lâmpadas" saiu-me bem, heim? ;) Tem uma carga simbólica catita. E foi sem querer. Genial. Não fui ao lançamento do Amor & Ódio. Mas quando for do teu rimance, diz alguma coisa.
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