Benjaminiano fanático ( o seu estudo sobre o haxixe devia ser obrigatório na faculdade vai sonhando vai) , leio o Público de hoje e a peça de Alexandra Lucas Coelho. Benjamim, os judeus, o Holocausto; depois lá vem o dedo em riste: " E 70 anos depois, os herdeiros dessa memória, que somos todos nós, continuam a impedir outros de atravessar fronteiras , a matar e a deixar morrer". O nascimento de uma nação, resultado de um longuíssimo processo, desordenado e caótico, provocado pela perseguição sistemática aos judeus de novo inflamada ainda no primeiro quartel do século passado ( bem antes de Hitler) e a auto-defesa dessa nação , que se arrasta há 70 anos - certamente com mortos inocentes, pois não conheço nações em guerra que não matem inocentes : tudo é equiparado à Shoa e ao regime nazi. Isto pode significar duas coisas; ignorância ( sobre o que foi o nazismo) ou fanatismo anti-Israel. Ambas boas qualidades para uma repórter do conflito israelo-árabe.
Partiu Miguel Delibes. Aprendi muito sobre caça,pesca e "vida" ,nos seus livros.E aprendi ainda mais sobre a Castela dos meus antepassados.Pena ter sido tão pouco divulgado por cá.Mas ainda/sempre vão a tempo.
É assim que V. interpreta o parágrafo em questão? O texto (o excerto que cita e o restante) não autoriza essa interpretação. Quando ela escreve «os herdeiros dessa memória, que somos todos nós» refere-se à humanidade em geral, e não aos judeus em particular; logo, «continuam a impedir outros de atravessar fronteiras, a matar e a deixar morrer» tanto se pode aplicar a Israel como à China.
Nesse caso, Filipe, somos dois. E é evidente que, no conflito israelo-palestiniano, ALC toma partido por um dos lados - isso não me incomoda, porque acho que ela sempre teve o discernimento de noticiar os factos de forma correcta; irrito-me é com os falsos isentos -, mas este texto, mantenho, não autoriza essa interpretação.
...em 1983 estive no Egipto e em Israel, mais tempo no primeiro do que no segundo. O Sinai acabava de ser "devolvido"... A diferença era( deverá continuar a ser...) flagrante. Percorri parte da Cisjordânia e passei por Gaza. Turista, só turista, nos transportes públicos dos autóctones... Fiquei com a nítida sensação de que a insolubilidade estava (está) na intransigência das duas partes: uma nação sobre outra, anulando, desprezando, humilhando; a outra não aceitando pura e simplesmente a existência da 1ª. Mas os factos históricos são incontornáveis, o legado inglês (,,,), 1948 e Ben Gurion ... Houve momentos em que a solução parecia estar a desenhar-se mas os "terroristas falcões" dos dois lados encarregaram-se sempre de dinamitar os fragilíssimos alicerces.
O que me faz espécie, AINDA (nos dias de hoje), é que qualquer crítica a um dos lados é sempre vista como "fazendo o jogo do inimigo" (uma espécie de mentalidade "à la PC": quando se criticava a invasão da Checoslováquia era-se logo "agente da CIA"; agora quando se critica Israel é-se logo anti-semita, anti-judeu ou mesmo nazi...) Sou ateu. As minhas opiniões sobre as religiões não são agradáveis... Mas, como a imensa maioria da Humanidade, gostaríamos que judeus , muçulmanos, cristãos (todos nas suas múltiplas variantes) e ateus pudessem viver e aceitar-se em paz.
Na situação actual tenho mais simpatia pelos humilhados do que pelos humilhadores.
Espero que essa das mentalidades à la PC não seja comigo nem com o meu post. Escrevi fanatismo anti-Israel por causa da equivalência da Shoa e dos nazis a Israel.
...Não, não, não é consigo. E é com TODOS quando resvalamos (eu também)para posições maniqueístas, sempre muito mais confortáveis e "certeiramente" conclusivas. Antes de fazer essa tal viagem, eu era mesmo pró-um dos lados e vim de lá a pensar que seriamente só haverá solução com OS DOIS LADOS.
(Sabra e Shatila não se me apagou ainda da memória, também...)
"But in Beirut, the victims were Palestinians. The guilty were certainly Christian militiamen - from which particular unit we were still unsure - but the Israelis were also guilty. If the Israelis had not taken part in the killings, they had certainly sent militia into the camp. They had trained them, given them uniforms, handed them US army rations and Israeli medical equipment. Then they had watched the murderers in the camps, they had given them military assistance - the Israeli airforce had dropped all those flares to help the men who were murdering the inhabitants of Sabra and Chatila - and they had established military liason with the murderers in the camps." Robert Fisk
Voltando à mentalidade "à la PC" ou "à la Dr. Botas", infelizmente, ela existe. O que não é o caso no seu blogue, que eu aprecio.
...sabe, outra das muitas situações em que eu me sinto mesmo mais do lado dos humilhados tem a ver com a QUESTÃO ARMÉNIA (e como eu gost(o)ei da Turquia!...).
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