Mar Salgado

terça-feira, abril 6:

O NÚMERO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA E O SR. SULLIVAN:

Pobre Igreja e pobre Papa. Espero que defesas destas , ou destas, não sejam comuns. Preocupam-se mais com o seu sistema de crenças e com as suas vaidades infantis do que com a defesa da Igreja.
Mais valia lerem ( relerem?) Tertuliano (no espírito e na carne fazemos a circuncisão dos bens mundanos ) ou Clemente de Alexandria (por que não recebemos Deus como convidado em almas livres de pecado?). Ou seja, compreenderem e aceitarem a intensidade da superação da privacidade nos dias de hoje e a brutal necessidade de supremacia moral que a Igreja necessita de exibir. Sem mácula.

 

posted by FNV on 1:18 da manhã #

Comments:

Discordo quase em absoluto do teor do post.
Por um lado, acho as defesas perfeitamente perceptíveis e certeiras, em particular a reproduzida no Cachimbo.
Por outro lado, discordo da imputação implícita de que os autores não tenham compreendido a necessidade de supremacia moral que a Igreja necessita de exibir (rectius, necessita de ter, para que possa exibir).
Ou seja, concordo no post apenas quando afirma essa necessidade. Essa afirmação, no entanto, deve ser recebida consoante o sentido pretendido por cada um dos autores que a faça. Acredito que o FNV a tenha proferido benevolamente, mas não podemos ignorar que muitos dos que a reproduzem o fazem não obstante não reconhecerem à Igreja qualquer autoridade (temporal ou espirtual) ou exemplo.
Filipe: para se ver a supremacia moral da Igreja, basta olhar para o mundo ("mostra-me a tua fé sem obras que eu, pelas minhas obras, mostrar-te-ei a minha fé"). A Igreja é, indubitavelemente, a entidade com maior trabalho em apoio dos mais necessitados e dos mais fracos a nível mundial.
Essa supremacia torna ainda mais graves os erros cometidos pelos seus membros. Mas isto é dito por quem reconhece essa supremacia. Não percebo porque é que quem a não reconhece, lhe exige mais do que à generalidade das pessoas ou instituições. Ou melhor, percebo muito bem...

# posted by  Luís Gagliardini Graça : 11:02 da manhã

 

No terceiro parágrafo deve ler-se, obviamente, "Ou seja, concordo com o post apenas ...".

# posted by  Luís Gagliardini Graça : 11:03 da manhã

 

Luís, espero estar enganado, mas a desvalorização dos casos ( as comparações com os professores de educação física) e sua transformação numa barricada de defesa do Papa, serão, a médio prazo, letais para a Igreja.
Não proferi "benevolamente" sequer: é uma realidade e já escrevi sobre isso. Essa supremacia tem é de ser defendida com coragem. Não há outra forma.

# posted by  FNV : 11:12 da manhã

 

Numa sociedade, que preza o “eu”, o “facebook”, e com horror ao sacrifício em prol dos demais, a Igreja já está “condenada”. Numa sociedade em que os velhos e os doentes são um empecilho às férias da “família moderna” a Igreja já está “condenada”. Porém, isto não é nenhum concurso de popularidade. A Igreja tem de estar junto dos desvalidos, dos injustiçados e honrar os ensinamentos de Cristo. A Igreja Católica, composta por homens e mulheres, albergará sempre no seu seio canalhas e algozes de almas, a questão está em saber como lidará com tais criaturas. O reconhecimento e a denúncia à justiça comum é um bom passo. Compreender a “velocidade” do mundo também, mas jamais a poderá acompanhar. A Igreja não é composto por anjos, mas sim por homens. Deve é procurar que tais homens sejam dotados de reais vocações ao serviço dos ensinamentos de Cristo e ouvir mais os Jesuítas, “Tropa de elite” da Igreja.

# posted by  Unknown : 11:52 da manhã

 

FNV: o que é, para si, "médio prazo" e "letal" para a Igreja?
Nào será "wishful thinking"? Você parece querer torpedear a "concorrência" no seu "negócio" de salvar almas, hehehe

# posted by  Gonçalo Soares : 12:08 da tarde

 

Não, não quero. Leia ( ou releia) a mensagem de Ratzinger na Páscoa. Ele sabe que estes assuntos nos dias de hoje t|em de ser tratados de forma bem diferente do que há 50 anos.
Houve tempo em que a Igreja não era a única corrente contra um hedonismo imbecil.

# posted by  FNV : 12:44 da tarde

 

três coisinhas «ingénuas» sobre este tema da pedofilia.

1. pedofilia é crime, antes de ser pecado ou «roupa suja» para ser lavada em casa. é crime. e o pedófilo é criminoso, seja ele professor, pai ou clérigo. e como é crime perpetrado por criminoso, este deve ser levado à justiça, que é igual para todos, seja professores, pais, clérigos. a igreja erra ao tentar circunscrever o crime ao «mero» pecado. num estado laico a lei é que vale. o pecado, a que não retiro valor, é para os apaniguados da confraria. se a igreja quiser perdoar, abafando, o pecado de pedofilia ao clérigo arrependido poderá fazê-lo [deverá, até, pois está no cerne da sua mensagem, desde que não o clérigo não volte a prevaricar... está-se mesmo a ver não está?], todavia, o que vale é a lei, e esta não deve perdoar, mas ser aplicada com justiça e implacabilidade, não esquecendo a reabilitação do criminoso, mas com prudência.
tudo o que fuja disto, distraia disto é manobra de manipulação da opinião pública.

2. assim sendo, a igreja deverá, por obediência à lei, denunciar os crimes e os criminosos. se quiser poderá perdoar o pecador, mas isso não a desobriga de submeter o criminoso ao rigor da lei. tudo o que fuja disto, distraia desta verdade é manobra de manipulação.

3. a igreja tem um património imenso de humanismo e caridade. é, em muitos aspectos, factor de progresso, de protecção dos mais carenciados. é uma referência consistente num mundo por vezes caótico e desintegrador. tem uma mensagem que pretende dar sentido à vida de muitas pessoas. alguns cristãos [leigos e clérigos,], infelizmente, são criminosos. era bom que não existissem? era. mas existem. como tal, devem ser julgados e condenados.
tudo o que fugir disto é manobra de manipulação.

e a meu ver esta é a única maneira da igreja mostrar a sua supremacia moral.

ps. filipe, tertuliano, por rigor moral e ascético, capou-se. não percebo, assim, por que razão, o invoca como ponto de referência a reler...
no caso em apreço é suficiente invocar são paulo na admonição que faz aos cristãos de corinto: «sejam submissos à lei». ou, já agora,invocar o cristo: «a césar o que é de césar», ou seja, à lei o que é de lei.
abraço.

# posted by  José J.C. Serra : 12:49 da tarde

 

errata: onde se lê «quiser perdoar, abafando, o pecado de pedofilia», tirar «abafar», pois é contraditório. «abafar» é, precisamente, contrário à postura de perdão, que implica assumir plenamente as consequências resultantes do pecado...
«abafar» o escândalo é postura de quem está meramente preocupado com a instituição igreja, e demonstra desprezo pelas vítimas de pedofilia às mãos de clérigos.

# posted by  José J.C. Serra : 12:59 da tarde

 

Luís, toda a gente reconhece, se não a supremacia moral da Igreja, pelo menos o seu ascendente nesse campo, ou seja, a influência moral da sua hierarquia sobre os seus membros e sobre aqueles que estão à sua guarda (no caso das crianças). O ascendente moral (e psicológico) e a autoridade dos padres e bispos sobre as suas “ovelhas” é um facto, não é um juízo de valor. Sendo assim, todos exigimos mais aos padres e bispos do que a professores de educação física. Incluindo a justiça, para quem esse ascendente será concerteza valorizado.

# posted by  caramelo : 2:21 da tarde

 

Sei que o comentário vai atrasado (em parte voluntariamente) mas parece-me que a leitura feita do que escreveu César das Neves não é autorizada pelo texto.
César das Neves fala sobre um ataque à Igreja Católica e fundamenta essa ideia com dados razoavelmente concretos.
Em nenhum momento condescende com a actuação de alguns membros da Igreja e com a Igreja em si mesmo.
Quando compara os professores de educação física e os padres é para perguntar por que razão a indignação é tão selectiva face à realidade.
Acho uma pergunta legítima.
Fora isto (e já com pouca relação com esta história da Igreja), confesso que fiquei um bocado espantado consigo nesta matéria.
Dizer que a pedofilia é inaceitável para os nossos padrões morais actuais parece-me razoavelmente consensual.
O que me espanta é a facilidade com que se chama pedofilia a relações sexuais entre indivíduos sexualmente maduros.
Há nas nossas sociedades uma realidade nova: a idade que consideramos de maturidade social está cada vez mais desfazada da idade de maturidade biológica. É assim que consideramos criminalmente responsáveis pessoas de 16 anos mas as consideramos sexualmente infantis (quando biologicamente a maturidade sexual é bastante mais precoce, em especial nas mulheres).
Apesar de todos considerarmos em teoria a pedofilia como um crime sem perdão, ninguém se lembra de ir a correr denunciar um filho (ou uma filha) do vizinho que tem 19 anos e dorme com o filho (ou a filha) do outro vizinho, que tem 17.
Histórias frequentes de amores proibidos, por exemplo, entre professores e alunos menores raramente são tratadas com o horror moral que agora campeia por aí.
Sem conceder em relação à pedofilia, e sem conceder em relação ao abuso de posição dominante para obter vantagens sexuais (independentemente da idade dos interveninentes apontar para a maturidade sexual e social) esperaria de si uma posição menos alinhada com a hipocrisia reinante nesta matéria.
henrique pereira dos santos

# posted by  Henrique Pereira dos Santos : 8:38 da manhã

 

...como é o detestável politicamente correcto, o religiosamente correcto detestável é, agora em versão de cattenaccio, muito ofendido e humilhado.

Hipocrisia da pura.

# posted by  Como é que se pode ser persa?... : 1:43 da tarde

 

henrique, não defenda o indefensável, nem recorrendo às ambiguidades na definição da idade em que se é sexualmente maduro.

a pedofilia é crime. clérigos pedófilos são criminosos. devem ser denunciados e entregues à justiça. quem tomou conhecimento do crime e não denunciou é cúmplice. se o fez com boas intenções (!!!!!) ou para «lavar a roupa suja em casa» (!!!) só minimiza o crime, despreza a vítima e protege o criminoso.
tudo o que for dito a mais é demagogia. bento xvi só pode ter uma atitude: pedir perdão às vítimas e ressarci-las, garantir que os criminosos [passados, presentes e futuros] serão entregues à justiça.
é isto que se espera de um homem crente: que dê o corpo às balas - como o cristo o deu ao chicote, à chacota e à cruz -. e se o cristo estava inocente o mesmo não se poderá dizer dos pedófilos dentro da igreja e de quem os tutela.

# posted by  José J.C. Serra : 5:07 da tarde

 

Caro José: tão distantes nas coisarias da bola e...

...aqui, não poderia estar mais de acordo consigo!!

A hipocrisia tem limites e, infelizmente, a procissão ainda vai no adro...

# posted by  Como é que se pode ser persa?... : 7:16 da tarde

 

Henrique, eu acho que a realidade é que é "selectiva". A pedofilia praticada por padres, sendo igual no aspecto hhmm físico, não é no resto igual à pedofilia praticada por professores de educação física. E diferente destas duas realidades é, por sua vez, a atracção física e a relação amorosa entre um adolescente de 16 anos e uma professora. Por acaso, este até foi um caso tratado com bastante "horror moral". lá, nos states. Por cá seria tratado de forma um pouco diferente (inclusive pela justiça), algures entre a condenação pela diferença de idades e a relação de dependência, e alguma tolerância para com a atracção afectiva mútua.

# posted by  caramelo : 7:16 da tarde

 

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